quinta-feira, 31 de maio de 2007

Embaixada da Suécia no Second Life

Ontem, 30 de Maio, a Suécia se tornou o primeiro país a ter uma embaixada no mundo virtual de Second Life. A notícia é da Reuters.

Curiosidades: o Ministro das Relações Exteriores esteve presente na inauguração (virtualmente, é claro, mas também em uma tradicional conferência para a imprensa). A embaixada não oferece serviços consulares, mas traz informações sobre as embaixadas reais da Suécia ao redor do mundo e, segundo o Swedish Institute, oferece um "smorgasbord" de informações sobre o país.

Não sabe o que é "smorgasbord"??? Eu também não sabia. Recorri ao Merriam-Webster online:

Main Entry: smor·gas·bord
Pronunciation: 'smor-g&s-"bord
Function: noun
Etymology: Swedish smörgåsbord, from smörgås open sandwich + bord table
1 : a luncheon or supper buffet offering a variety of foods and dishes (as hors d'oeuvres, hot and cold meats, smoked and pickled fish, cheeses, salads, and relishes)
2 : an often large heterogeneous mixture : MELANGE

Forza Grêmio!!!

Mais uma vitória do Tricolor Gaúcho... Rumo ao Tri!

O Milan que nos aguarde.

Os artigos do Prof. Lubatkin

Não atualizei o blog nos últimos dias por conta do imenso volume de leitura para as aulas do doutorado. Já li 15 artigos em 4 dias, e ainda tenho mais 4 para amanhã. Estou fazendo um curso de curta duração com o Prof. Michael Lubatkin, da University of Connecticut e EM Lyon. O curso é sobre Business Strategies (diversos temas específicos, de family and privately-held firms a Entrepreneurship, passando por acculturation e mergers & acquisitions), mas o Prof. Lubatkin traz muito da experiência dele com escrita e avaliação de artigos científicos nos seminários. Tem sido muito construtivo, mas também muito trabalhoso.

domingo, 27 de maio de 2007

(Des)organização italiana

Tem algumas coisas aqui na Itália que nos fazem sentir em casa. A burocracia e a desorganização, por exemplo.

Para ilustrar, uma boa notícia: finalmente voltamos a ter acesso a internet. Entrei em contato com a assistência na quinta, na sexta mandaram um técnico aqui em casa e sábado de tarde voltamos a navegar. Qual era o problema? Típica falta de organização italiana. Em outras palavras, o "jeitinho italiano". Explico: quando fizemos a assinatura ADSL, o setor comercial nos cadastrou em uma central telefônica e, quando vieram instalar, nos ligaram em outra central...

É por isso que dizem que o paraíso europeu tem policiais ingleses, cozinheiros franceses, mecânicos alemães, amantes italianos, e tudo é organizado pelos suíços. Por outro lado, o inferno europeu tem policiais alemães, cozinheiros ingleses, mecânicos franceses, amantes suíços, e tudo é organizado pelos italianos...

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Milan e Grêmio

Desde domingo o acesso a Internet não anda bem aqui em casa. Hoje, sexta, parece que as coisas estão se resolvendo. Aproveito para um rápido post comentando os pontos altos da semana: as vitórias de Grêmio e Milan.

Em Atenas, o Milan não jogou bem. Ganhou sem brilho, dois gols de Inzaghi. Os Reds jogaram melhor, mas não muito mais para merecer a vitória. Chamada do La Reppublica: Il Liverpool parte col gioco ma Inzaghi è proprio sipietato. Comemoração que nem no Brasil: buzinaço, gente bebendo até cair na Piazza Duomo, etc.

Em tempo: Milan é meu time aqui na Itália, então a noite de quarta começou bem. Mas ainda tinha o Grêmio...

... e o Imortal Tricolor não decepcionou. Fez 2x0 no Defensor ainda no primeiro tempo, gols de Tcheco cobrando falta e do zagueiro Teco. Podia ser 3, se o árbitro não sonegasse um pênalti no Carlos Eduardo no segundo tempo. Nos pênaltis, 4x2, depois dos uruguaios perderam as duas primeiras cobranças. Na semi-final, pega o Santos, primeiro jogo na semana que vem em Porto Alegre. Não tem Amoroso, expulso contra os uruguaios, mas voltam Lucas, Edmilson e Diego Souza.

Será que vamos ver Grêmio x Milan em Dezembro...??? Rumo ao Tri da América!!!

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Casino Royale: um James Bond humano

Segunda à noite, Daniela e eu assistimos Casino Royale, o mais recente filme do agente 007. Nunca fui muito fã de James Bond, mas desde que o filme estreiou, no início do ano, fiquei com vontade de assistí-lo. Os trailers na TV eram interessantes, mas o que mais me chamou a atenção foi uma resenha intrigante do Corriere della Sera. Em linhas gerais, a resenha pintava Casino Royale como um filme de James Bond diferente. Era bem o que eu queria.

O enredo é bom. (A partir daqui, prossiga com cuidado: pode haver spoilers!) James Bond, em sua primeira missão como 007 (ele ganha o duplo 0 nas primeiras cenas), descobre a pista de um banqueiro internacional de terroristas que ganha dinheiro apostando contra as ações de empresas prejudicadas por atentados. Um dos pontos altos da ação envolve um emocionante jogo de pôquer Texas hold'em no tal Casino Royale, mas há toda uma série de desenvolvimentos que ligam bem cada etapa do andamento da história, com ação, interação social, investigação e até mesmo uma razoável dose de bom humor.

Mas o melhor, a meu ver, é a "humanização" de James Bond. O filme apresenta um 007 falível, que toma decisões erradas, se engana e às vezes deixa seu ego inflado atrapalhar. Além disso, Bond apanha bastante, sangra e se apaixona. Nada de um agente perfeito e inatingível, cujas histórias cada vez mais apelavam para profusão de efeitos especiais, gadgets tecnológicos, escapadas milagrosas e cenários espetaculares. Mesmo a bondgirl não é mais apenas uma coadjuvante: Eva Green, deslumbrante no papel de Vesper Lynd, representa com qualidade uma personagem central à trama. O próprio ator escolhido para o papel do famoso agente secreto deixou transparecer essa "humanização" de Bond: Daniel Craig não se encaixa, segundo muitos fãs, na visão idealizada do 007. Talvez até seja verdade, mas eu acho que foi bom para marcar a quebra com uma tradição enferrujada. Craig respondeu às críticas com uma interpretação impecável.

É claro que o filme não escapa de todas as tradições. Ainda há perseguições de tirar o fôlego (embora não com carros, tanques de guerra, helicópteros ou seja lá o que tenham colocado nos últimos filmes) e cenários deslumbrantes (Veneza e o lago de Como, em especial; é muito legal reconhecer em filmes lugares em que estive há bem pouco tempo!). Afinal, o legado de James Bond é enorme. Assim, mesmo os fãs antigos devem ter gostado, principalmente de curiosidades como a oportunidade em que Bond ganha seu clássico Aston Martin 1964!

O resultado: Casino Royale é, segundo a Wikipedia, o mais lucrativo dos 21 já lançados da série 007.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Sometimes It Snows in April

Acabei de escutar Nei Lisboa cantando "Sometimes It Snows in April".

Springtime was always my favorite time of year
A time for lovers holding hands in the rain [...]

O resto da música é triste.

Domingo em Novara

Domingo é o dia da semana em que bate mais saudade do Brasil. Saudade dos almoços em família, do não-fazer-nada com os amigos. Ontem, domingo, foi um desses domingos de saudade. Pior de tudo, sem acesso a Internet para enganar a saudade via Skype - pela primeira vez em três meses, o servidor me deixou na mão.

Pelo menos Daniela e eu colocamos o Battlestar Galactica em dia. Grande seriado. Assistimos também Flushed Away, uma animação britânica muito engraçada. Ficam as dicas para uma tarde de domingo, seja de frio no Rio Grande ou de rica primavera em Novara.

sábado, 19 de maio de 2007

Bobby Fischer Va Alla Guerra

Terminei de ler "Bobby Fischer Va Alla Guerra", de David Edmonds e John Eidinow. Trata-se de um racconto detalhado da disputa pelo título mundial de xadrez de 1972 entre o então campeão Boris Spassky, russo, e o desafiante norte-americano Bobby Fischer. Vencendo, Fischer quebrou uma tradição de campeões mundiais russos que remontava a 1948, com Botvinnik. Porém, saber quem ganhou ou perdeu é o que menos conta. Instigante é a mistura entre a descrição minuciosa dos pormenores do match com o mergulho na análise psicológica e biográfica dos dois mestres, bem como na análise sócio-política da época. Tudo ao melhor estilo spy story e com uma linguagem limpa. Mesmo em italiano, a leitura correu rápida e fluida.

Surpreendente, a meu ver, a importância do xadrez na URSS como instrumento de propaganda do sistema. Vencer não era mais do que natural para os russos, e a vitória era a demonstração da superioridade intelectual do comunismo. Os autores também relativizam a ênfase, dada na época, ao simbolismo do campeonato com relação à Guerra Fria - os primeiros anos da década de 70 eram, segundo a análise, um dos períodos de maior aproximação entre comunistas e capitalistas. O livro conta como o assunto dominou os jornais de todo o mundo em um ano marcado pelo início do escândalo Watergate e o massacre na Olimpíada de Munique. Xadrez, em 1972, virou mania mundial graças a luta entre Fischer e Spassky nos confins da Islândia.

Fantástica também a história de Fischer. O retrato pintado é o de um judeu anti-semita com sérios distúrbios psicológicos que, ao longo da vida, vai abandonando qualquer esperança de construir relações sociais com outros seres humanos em favor do xadrez. Uma criança mimada crescida, como citam muitos ao longo do livro, mas também uma máquina de jogar xadrez. Me parece que Fischer, talvez indiretamente pelo seu caráter, inovou no xadrez dos grandes mestres ao elevar a níveis nunca vistos a pressão psicológica exercida sobre seus adversários. Essa estratégia era operacionalizada de diversas maneiras, antes e durante os jogos. Antes, ele impunha uma série de exigências para a realização das partidas, muitas das quais absurdas. E insistia nelas, ameaçando abandonar os campeonatos se não fossem cumpridas. O cenário do xadrez mundial conhecia tanto a excelência técnica de Fischer, capaz de brindar a todos com partidas fabulosas, quanto sua disposição em realmente cumprir suas ameaças - em 1972, ele já havia desisitido de campeonatos suficientes para ser levado a sério. Por isso, cada detalhe, da iluminação e tamanho do tabuleiro e peças ao montante em dinheiro a ser dado a vencedor e perdedor, era minuciosamente visto e revisto por Fischer. Ele chegava atrasado às partidas, ou mesmo não comparecia, afirmando que as condições de jogo não eram ideais. Mas sempre a vontade de ver o mestre jogar vencia as regras e a lógica do cavalheirismo que predomina no xadrez, e Fischer vencia não apenas no tabuleiro, mas fora dele - e antes mesmo de mover a primeira peça.

Durante o jogo, Fischer não deixava de abalar seus oponentes. Era um gênio do xadrez, sem dúvida, mas unia a isso uma gana, uma vontade de vencer que mais parecia fúria. A pressão psicológica sobre o coitado sentado do outro lado do tabuleiro, já enfraquecido pela pressão exercida antes da partida, geralmente era letal. Se isso era fruto da sua maluquice ou se era uma estratégia deliberada, não sei dizer. Nem os autores. Porém, a frase de Spassky na copertina do livro diz tudo:

"Quando giochi con Bobby, il problema non è vincere o perdere. Il problema è sopravvivere."

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Os personagens do hospital

Ontem a Daniela comentou que meu blog está muito sério. Bom, talvez seja porque estou passando por um período de seriedade. Para quebrar com essa seriedade, vou contar alguns "causos" que presenciei no hospital de Novara.

(Para quem chegou agora, fiquei 10 dias internado por conta de uma trombose venosa profunda na perna esquerda. O atendimento foi excelente, os médicos e enfermeiros prestativos e atenciosos, o tratamento top de linha e ainda por cima, gratuito! Agora estou em casa, me recuperando. Nas próximas semanas vou a Milano investigar a fundo a causa dessa trombose.)

Nesses 10 dias, ocupei o leito 17. Eram três leitos por quarto. Acho que o sujeito mais engraçado foi o Sr. P. R., do leito 15. Mesmo sofrendo de pressão alta e insuficiência renal, o Sr. R. fazia questão de encher a comida de sal, fazendo uso de um saleiro que tinha escondido na mesinha de cabeceira. A Daniela deu uma de dedo-duro e chegou a alertar a médica, mas nada do Sr. R. parar com o sal extra. Ele reclamava muito da qualidade da comida: "devono andare in galera quelli che fanno questa pasta!" (algo como "tem que botar na prisão quem fez essa massa"), dizia. Mas devo confessar que não achei nada mal o cardápio. Até bacalhau comi.

O autor do maior número de "causos" sem dúvida foi o Sr. S. L., do leito 16. Internado em 29 de abril depois de uma queda, estava sofrendo de abstinência de álcool. Vale lembrar que aqui na Itália todo mundo é chegado num vinhozinho... Mas o Sr. L., aos 79 anos, exagerou.

Para controlar a agitação dele, os médicos o mantiveram em sedação quase permanente por vários dias. Nos momentos que acordava, seus delírios eram hilários. Certa vez, às três da manhã, aos gritos chamou um de seus empregados para que o ajudasse a se levantar do leito: "Luigi, Luigi!! Aiuto!!!". Ficou uns cinco minutos gritando, acordando todo o hospital. Quando a senhora que cuidava dele respondeu que não havia ninguém ali, decepcionado, o Sr. L. perguntou: "Ma porco zio, Luigi, dove sei?". Na madrugada seguinte, novamente queria a todo custo descer do leito. Diante das negativas das enfermeiras, mandou chamar os carabinieri para que pudesse prestar queixa! Interessante que ele tinha essas crises de querer descer da cama sempre durante a noite, mas de dia dormia que nem um anjo. Menos na quinta-feira, quando passou o dia todo lúcido e acordado. Chegou até passar a mão na bunda da enfermeira. Perguntaram para ele se ele era um homem de vícios, ao que respondeu que seu pior vício era "fazer amor".

Curioso também é como os italianos mesclam bom humor e formalidade. Os médicos, por exemplo, eram profissionais e corteses, mas definitivamente não eram sérios. Durante uma das visitas matinais diárias, ficaram um bom tempo discutindo, bem humorados, o que aconteceria se misturassem um Barbiera no soro do Sr. L. Forse lo farà benne?

Depois do Sr. R., o leito 15 foi ocupado pelo Sr. F. R. Uma figura. Cabelos compridos, bigodão enorme a la Garibaldi. Tanto ele quanto a família pareciam saídos de um pôster do Grateful Dead. Cada um que a gente encontra aqui na Itália...

Em resumo, os dias no hospital foram bem angustiantes, mas também muito divertidos!

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Sobre o título do blog

Sou péssimo com títulos. Evidência disso é que uma das primeiras pessoas que acessou esse blog me perguntou via MSN: "Tá, mas porque esse nome?". Prometi que tentaria explicar num post, e aqui está ele.

Em primeiro lugar, devo dizer que o nome do blog no formato atual se deve a uma sugestão do amigo Rafael L. Smith, que gentilmente me brindou também com o logotipo. É uma alteração da idéia original que Daniela e eu tivemos, "Tudo é caminho, deixa o Bixo!", que por sua vez é uma leve modificação do trecho de uma música de Nei Lisboa de modo a acomodar uma referência familiar ("Bixo" em vez de "bicho").

No título, "tudo" se refere justamente ao escopo desse blog. É bastante pretensioso, eu sei. Mas entendam que não quero dar a entender que eu ache que tenho capacidade para falar (competentemente) de qualquer coisa. Longe disso. O meu "tudo é mais restrito: o que acontece aqui na Itália, minhas impressões sobre livros, filmes e seriados, RPG, notícias, acontecimentos do mundo da TI, gostos, preferências, opiniões, etc. Ou seja, tudo o que me define.

Por outro lado, "enquanto caminho" tem dois significados. O primeiro, mais direto, é o sentido de "durante a minha caminhada". Significa simplesmente que vou falar de "tudo que acontece durante minha caminhada", isto é, um relato cotidiano. No segundo sentido, "enquanto" significa "como" e "caminho" significa "rumo, direção". Entendendo assim, quer dizer que tudo o que faz parte da minha vida é um rumo, uma direção, um caminho. Tudo, assim, reflete o caminho já trilhado no passado, o rumo que estou seguindo no presente e a direção futura. Tudo o que me define é o resultado desse caminho.

Faz sentido?

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Inaugurando

Em 2007, os blogs completaram 10 anos de existência. A grande maioria, penso, é descontinuada depois de algumas postagens. Mesmo assim, trata-se de uma expressiva realidade da web. Já era hora de participar.

Estranhamente, sempre fui refratário à idéia de publicar um blog pessoal. Não sei exatamente o que me motivou desta vez. Talvez tenha a ver com a idéia de estabelecer um canal de comunicação para que o pessoal no Brasil possa acompanhar o que está acontecendo aqui na Itália. Essa motivação tomou corpo, especialmente, com os acontecimentos recentes envolvendo minha estada forçada no hospital aqui de Novara.

De qualquer forma, o motivo não interessa tanto quanto o fato de que o blog está criado. Não sei bem o que vai aparecer nas postagens, mas penso que aqui vou falar sobre a vida na Itália, sobre livros e filmes, RPG, viagens, notícias e curiosidades gerais, ceticismo e ciência. Ou seja, de tudo um pouco. Vamos ver quanto tempo dura...