sábado, 29 de setembro de 2007

Grillo e a anti-política na Itália

O governo de coalizão de esquerda do atual Presidente do Conselho Romano Prodi (L'Unione) está desestruturado há tempo. Afinal, não é nada fácil equilibrar as diferentes facções de centro-esquerda que formam a maioria. Os reformistas e moderados, os mais representativos, recebem críticas fortes dos aliados da esquerda radical, que freqüentemente organizam manifestações populares para reclamar de medidas governistas com as quais não concordam, como a renovação da concessão de uso da base aérea de Vicenza para os americanos ou a manutenção das tropas no Afeganistão. Com areia nas engrenagens políticas da sua base, as reformas propostas por Prodi demoram - alimentando mais críticas dos radicais - e Prodi passa a imagem de hesitante. Quando finalmente chegam, as propostas, abrandadas e aparadas de todos os lados a fim de acomodar as divergências entre as diferentes correntes da esquerda, acabam muitas vezes por ser inócuas - alimentando as críticas da oposição.

Para piorar, Berlusconi e a direita, sentindo a debilidade da posição governista, vem aumentando o tom dos ataques e, com isso, angrariando simpatia da população descontente. As últimas pesquisas de opinião apontam mais de 50% de apoio para o centro-direita. A cada votação importante no parlamento, Prodi corre o risco de ver sua maioria desmontar-se e, com isso, causar a queda do governo.

A grande esperança da centro-esquerda é o novo Partido Democrático. Em processo de criação, a partir do próximo 14 de Outubro o PD congregará os Democratici di Sinistra (DS, herdeiros do Partido Comunista Italiano) de D'Alema, Fassino e Veltroni, e os democristãos da La Margherita, de Rutelli, bem como diversos outros partidos reformistas menos representativos. Ficam de fora os radicais da Rifondazione Comunista, de Bertinotti, os comunistas do PdCI (herdeiros de Gramsci e Berlinguer) os ambientalistas Verdi. O Secretário Geral do PD, a ser escolhido em eleições primárias marcadas para 14 de Outubro, deverá ser o atual prefeito de Roma, Walter Veltroni.

Do outro lado, Berlusconi e sua máquina de mídia lideram a oposição. O homem mais rico do país - dono do Milan e do conglomerado Mediaset, entre outros investimentos - conduz a Forza Italia, o partido eixo da coalizão de centro-direita Casa delle Libertà. Sem precisar enfrentar nem atritos com seus próprios radicais (como os autonomistas e tradicionalistas conservadores da Liga Nord, de Bossi) nem as dificuldades de mediar um governo de coalizão, a direita vem crescendo junto à opinião pública. Mesmo as idéias mais conservadoras e reacionárias, como aquelas dos herdeiros da destra post-facista da Alianza Nazionale, de Gianfranco Fini e La Russa, encontram eco na classe média italiana, preocupada com a crescente criminalidade associada, pelas redes de televisão e jornais de Berlusconi, aos imigrantes extra-comunitários.

Tudo isso, porém, é relativamente normal em um processo democrático. Mesmo em um processo democrático confuso e particular como o italiano. O que o país está assistindo hoje, porém, é algo novo. Chama-se anti-política, e tem como seu principal divulgador Beppe Grillo. Através de seu blog (um dos mais lidos no mundo), o cômico exilado da TV conclama as massas contra tudo o que os políticos - A Casta - representa. Sua audiência é, basicamente, jovem (todos abaixo de 40 são jovens, na Itália) e muito, mas muito expressiva. Atira para todos os lados, não poupa ninguém. Ficou famosa uma de suas battute sobre uma visita à China do então Presidente do Conselho, o socialista Bettino Craxi:

La cena in Cina... c'erano tutti i socialisti, con la delegazione, mangiavano... A un certo punto Martelli ha fatto una delle figure più terribili... Ha chiamato Craxi e ha detto: "Ma senti un po', qua ce n'è un miliardo e son tutti socialisti?". E Craxi ha detto: "Sì, perché?". "Ma allora se son tutti socialisti, a chi rubano?".
(monologo durante la settima puntata di Fantastico 7, 15 novembre 1986)


Desde os anos 90, Grillo não aparece mais na TV. Milita sua democrazia diretta em praças e na web. Se lança em campanhas das mais variadas, como a Via dall'Iraq, pressionando para a retirada das tropas do conflito iraquiano, ou o Parlamento pulito, uma proposta para impedir o acesso ao parlamento de quem tenha sido condenado de forma definitiva. Sua ideologia se baseia na vocalização dos anseios e reclames da massa, segundo ele cada vez mais distante do processo político. É a anti-política.

No último dia 8 de Setembro, o Vaffanculo-Day, o povo saiu às praças em 180 cidades italianas para apoiar a proposta de limpeza do Parlamento elaborada por Grillo e seus colaboradores. Seus discursos fortes, que por vezes se tornam até mesmo ofensivos, repercutem desde então (o vídeo integral da apresentação de Grillo em Bologna pode ser visto aqui). E é justamente esta última iniciativa da anti-política de Grillo tem lhe concedido significativo espaço nas redes de televisão e movimentado discussões por todo o país.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Clash of the Titans e os filmes do início dos anos 80

Esses dias, Daniela escreveu sobre Perseu no Baile no Céu. Inspirados pelo mito, resolvemos assistir a Clash of the Titans (em português, Duelo de Titãs), um filme de 1981 que conta justamente uma das versões da história do herói mitológico que matou a Medusa.

Tirando algumas coisas inexplicáveis, como o fato do monstro que ameaça Andrômeda ser um Kraken que parece ter saído de um episódio de Spectroman (!!!) ou a corujinha mecânica que Atena envia para ajudar o herói (me pareceu que os produtores quiseram empurrar um comic relief inspirado no R2D2), o filme é razoável. Definitivamente, não são atuações dignas de Oscar, alguns efeitos especiais são toscos mesmo para os padrões de 1981 e determinadas cenas se arrastam a ponto de dar sono, mas... é divertido, de certa forma.

O mais curioso é que eu lembrava, vagamente, de ter visto esse filme em algum momento da década de 80, possivelmente por volta de 1986, 1987, em alguma Sessão da Tarde durante o Verão. E, de acordo com minha lembrança, o filme era muito melhor do que esse que eu vi recentemente. Esse fenômeno, penso, é comum: tudo o que é relacionado com a infância parece ser mais especial em nossa memória do que quando olhamos com os olhos mais críticos de adultos.

Ver esse filme também me fez perceber o quanto algumas obras cinematográficas do início da década de 80 me marcaram. Acho que foi porque foram os primeiros filmes que assisti tendo capacidade cognitiva para entender o que estava acontecendo. Filmes como Krull (1983), Gremlins (1984), Ghost Busters (1984) e, mais tarde, Ladyhawke (1985), The Goonies (1985) e Enemy Mine (1985), entre outros tantos, ainda hoje me trazem recordações carinhosas de um tempo em que eu não era tão crítico (ou chato, como queiram), e que os filmes me divertiam mais facilmente. Alguns continuam bons, resistem à prova do tempo. Outros, é melhor nem assistir de novo.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

La Nuova Strada

Mais uma poesia da Nana. Desta vez, acho que inspirada no trecho da música do Bob Dylan que postei em homenagem a ela esses dias.

LA NUOVA STRADA
" DAMMI LA MANO
ANDIAM,ANDIAMO!
" PER QUALE STRADA ?
" LA NUOVA...DAI.....
MA NON LO SAI ?
L´ALTRA ÈSPEZZATA,
DIREI..BLOCCATA
" LUNGO È IL CAMMINO.....
" PER IL SENTIERO È PIÙ VICINO !
" LA NOTTE È SCURA......
" NIENTE PAURA....
CHE C´È LA LUNA !
" NON È ROTONDA..
" ANDIAM SULL´ONDA
CI SON LE STELLE....
GUARDA CHE BELLE !
CI SIAMO NOI
E SE TU VUOI
PUOI DARMI UN BACIO
ED UN ABBRACCIO !
" MA VIRTUALE....
" SÌ, NON FA MALE !
STRINGIMI FORTE..
SEI MIA, CHE SORTE !
SU EM ES ENNE
NON È PERENNE,
NESSUN CI TROVA
PURE SE PROVA.
SIAMO FELICI !
" TU PURE..DICI ?
" CERTO, TESORO !
DIMAN TI TROVO ?
" SU SKYPE SARÒ....
" TI ASPETTERÒ !
NANA

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dia do Gaúcho!

Ontem foi 20 de Setembro, aniversário do início da Revolução Farroupilha (ou Guerra dos Farrapos, como querem alguns), o mais longo conflito armado americano em todos os tempos. Neste dia, em 1835, os rebeldes tomaram Porto Alegre, capital da província, e prenderam o governador e outros representantes do governo central. A República Rio-Grandense seria proclamada só quase um ano depois, em 11 de Setembro de 1836, pelo General Neto. A paz definitiva veio apenas em 1845.

Aqui na Itália, bem longe de Porto Alegre, lembramos do feriado mas, vergonhosamente, não tomamos nem um chimarrãozinho pra comemorar! Aliás, que coisa esquisita isso de comemorar. Como disse meu pai, "perdemos a guerra e fazemos toda essa festa; imagina se tivessemos ganho!". Coisa de gaúcho.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

La Pioggia (Filastrocca ecologica)

Continuando com as poesias:

LA PIOGGIA (Filastrocca ecologica)

La pioggia cade e vuol parlare,
dir tante cose: devi ascoltare!
Ti chiede scusa pei molti danni
senza aver colpa dei tuoi malanni.
Se le casette fatte di niente
lei butta giù lasciando gente
senza capanna, tetti bucati
mille bambini sporchi affamati,
se delle strade ne fa ruscelli
che portan via i poverelli
e qual formiche muoion sovente,
colpa non ha, tienilo ammente!
(noi sì l'abbiamo)
Noi che scambiamo verdi foreste
per il denaro, pure se peste
regaleremo all'umil gente
e non un tetto quasi decente..
Se terra arida, gente assetata
nella miseria mal sopportata
lascia, perché non cade là
e le sementi piantate già
con tanto amore dal contadino
non diverranno pane nè vino
triste si sente, anche perché
imploran gli alberi: "Vogliamo te!"
Dobbiamo noi che siamo gente
e se vogliamo, intelligente,
cambiar le cose: utilizzare
tanta saggezza e far tornare
la pioggia buona che dalla serra
dolce vien giù e non sotterra
le catapecchie sì malandate
ma sol ristora l'erbe assetate.
Sennò... addio mirabil mondo,
neppur potrai restar rotondo!

Nana

terça-feira, 18 de setembro de 2007

E lá vem o iPhone

É intenso o burburinho sobre o lançamento europeu do iPhone. A Apple convocou uma coletiva de imprensa em Londres nesta terça-feira na qual, espera-se, será divulgado o operador móvel que terá a exclusividade de venda do aparelho. Fortes especulações recaem sobre a Deutsche Telekom, na Alemanha, Telecom Orange, na França, e O2, no Reino Unido. Nada de Itália e Espanha, portanto, onde o pré-pago é muito mais difundido.

O preço deve ficar em €399. Valor extremamente alto para os padrões europeus, mercados nos quais é comum a prática de fornecer o aparelho sem custo para o cliente quando este contrata um plano de longo prazo. Notícia do Guardian divulgada pela Reuters dá conta que a operadora O2, que deve ter a exclusividade do iPhone na Inglaterra, consentiu em repassar 40% da receita com os clientes que contratarem os planos associados ao telefone da Apple. É um valor absurdo.

Nessas horas, me pergunto sobre o impacto global do iPhone no mercado de celulares. Mercado que, por sinal, venho aprendendo a entender mais a fundo por questões profissionais. Recentemente, a Apple anunciou que atingiu a marca de 1 milhão de aparelhos vendidos nos EUA, através da AT&T. Belo número, ainda mais levando-se em conta que as projeções otimistas da companhia indicavam que esta marca seria atingida apenas no final de Setembro. Um grande impacto, então? Bom, talvez não, quando pensamos que a Nokia vende cerca de 1 milhão de aparelhos em... um dia.

Claro, o iPhone não é apenas um telefone. Ele representa um conceito, uma idéia. É uma marca, um símbolo de sofisticação tecnológica. Alavanca vendas cruzadas de outros produtos Apple, como fez - e ainda faz - o iPod. Mais do que isso, promove desejo de mudança nos consumidores, que passam a dispensar mais atenção à idéia de trocar de aparelho. E, talvez o mais importante, impulsiona os demais fabricantes a repensar seus conceitos, lançando novos aparelhos com características similares. Difundem-se inovações, como a tela sensível ao toque, e ganhos de eficiência em atributos já antigos, mas renovados no iPhone, como a integração da música digital no celular e o design fino e atraente. Em poucas palavras, estimula-se a competição. Quem ganha, no fundo, é o consumidor.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Grêmio 1 x 0 Internacional

Um a zero. Placar magro, mas valeram os três pontos. Inter praticamente sepultado no Brasileiro e o Grêmio na beirada da zona de classificação pra Libertadores 2008.

Como é bom ganhar Grenal!

domingo, 16 de setembro de 2007

Back from Bressanone

Estou de volta da XV Scuola Estiva da AiIG (Assoziazione Italiana di Ingegneria Gestionale), que todo ano se realiza em Bressanone-Brixen. O tema deste ano foi o Empreendedorismo. Muito interessante a discussão, que se estendeu de segunda, dia 10, até a última sexta, dia 14. Foi uma excelente oportunidade também para conhecer colegas doutorandos de toda a Itália, compreender mais o cenário da Ingegneria Gestionale no país (e traçar valiosos paralelos com a Engenharia de Produção brasileira) e praticar o italiano.

Mas, claro, a semana não se resumiu a isso. Os restaurantes da região são fantásticos. Experimentei diversas especialidades da culinária do Tirol Meridional, uma região curiosa que mistura influência austríaca e italiana. Os cartazes informativos, por exemplo, eram todos bilíngues. Até a programação da RAI prevê telejornais locais em alemão. E a convivência social com os amigos foi inestimável. Voltaremos a Bressanone, sem dúvida. Talvez ainda este ano, próximo do Natal, para curtir a vida contadina nos Alpes nevados.

De volta, o reencontro alegre com Daniela, que aproveitou as "férias" para conhecer Firenze. As minhas (infelizmente poucas) fotos serão publicadas no álbum Picasa, como sempre. Mas Daniela levou a câmera e tem vários registros de Firenze.

sábado, 8 de setembro de 2007

Il Mondo Piange Pavarotti

"O mundo chora Pavarotti" foi a manchete do La Reppublica desta sexta-feira, 7 de Setembro. Cinco páginas internas dedicadas à notícia demonstram o quanto a Itália foi abalada pela scomparsa do grande tenor. Enquanto escrevo, a RAI 1 transmite ao vivo o funeral, direto do Duomo di Modena em uma bela e serena tarde de sábado.

Funeral digno de um dos maiores artistas do nosso tempo, uma voz única que determinou os padrões para a ópera e, em maior escala, para a música do século XX. Mais do que isso, Big Luciano foi um verdadeiro homem-show. Saiu dos teatros e casas de ópera e foi para a televisão com projetos como "Os Três Tenores" ou parecerias com músicos pop como Elton John, Sting e Bono. Assim, levou sua poderosa voz e sua inconfundível figura carismática para milhões de pessoas. Por exemplo, este vídeo mostra uma de suas últimas apresentações, interpretando Nessun Dorma em Torino, por ocasião das Olimpíadas de Inverno de 2006. Recebeu uma merecida ovação de 10 minutos.

Pavarotti deixa um vazio proporcional a sua grandeza. Faço minhas as palavras de um usuário que comentou o vídeo: Addio Maestro. Dio vuole che canti soltanto per Lui adesso. Riposa In Pace.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Oito Dias em Praga

Levamos mais de duas semanas para organizar e publicar as fotos da viagem a Praga no fotolog. No início, eu tentei separar por data e adicionar legendas na maioria delas. Só tive paciência para os três primeiros dias. Apesar de absurdamente lento e tedioso, é muito legal esse processo, porque refazemos a viagem através das fotografias.

Foi assim que relembrei nossa epopéia do primeiro dia. Logo que chegamos e nos assentamos no hotel - aliás, um quarto na Casa do Estudante da Universidade local que, durante o verão, é alugado para turistas -, saímos a caça do hotel onde estariam nos esperando o Kappel e a Simone. Sabe como é, ainda que recém-chegados, achávamos que seria barbada se orientar por Praga. O fato de que os mapas que tínhamos não chegavam a mostrar a rua onde ficava o hotel deles quase não preocupava. Afinal, eu tinha "praticamente memorizado" o trajeto do Google Maps.

Quanta pretensão!

Caminhamos por uns 30 minutos até que começou a escurecer. E, para piorar, céu fechado, com relâmpagos e tudo. Estávamos chegando ao limite do mapinha. Cheguei a sugerir que voltassemos. Mas a vontade de rever os amigos era maior. Ou talvez nossa inconseqüência falou mais alto, sei lá. O fato é que constinuamos. E a sorte nos ajudou. Encontramos uma parada de tram e, do que deu pra decifrar do cartaz informativo em tcheco, decidimos que a linha 15 deveria passar pelo menos perto do hotel. Entramos no tram bem quando as primeiras gotas, gordas gotas, começaram a cair. Daniela ficou atenta ao nome da rua e, assim que viu a plaquinha, descemos. Não poderia ter sido melhor: exatamente em frente ao hotel! Foi uma noite muito agradável, uma janta excelente na melhor companhia possível. Eles nos contaram como tinha sido até então a excursão, e nós contamos como está sendo a vida na Itália. Ficamos juntos até próximo da meia-noite, matando a saudade. E ganhamos a promessa de uma visita em Novara, assim que possível. Promessa que eu pretendo cobrar, viu Kappel?

Na segunda-feira, segundo dia de viagem, exploramos alguns pontos turísticos bastante óbvios: de manhã atravessamos a histórica ponte Karluv e, de tarde, conhecemos a famosa Staromestské námestí (Praça da Cidade Velha), onde fica o relógio astronômico que encantou Daniela. Na terça-feira, com alguma chuva, refizemos o passeio pela Staromestské námestí e pela ponte Karluv, mas nosso objetivo era alcançar a Malá Strana (Cidade Pequena), em direção ao Castelo. Enlouquecemos com um sebo, apesar da grande maiora dos livros ser em tcheco. Aliás, Praga é uma cidade que possui muitos antiquários. A maioria negocia móveis e badulaques para a casa, mas alguns vendem arte e livros. Entramos no Castelo pela saída (!), visitamos um Museu de Brinquedos onde havia uma curiosa exposição histórica da Barbie (que nos rendeu dezenas de fotos, diga-se de passagem), a imponente catedral gótica de São Vito e acompanhamos a troca da guarda no portão do Castelo. De noite, ainda tentamos achar uma cervejaria (pivovar) com preços módicos perto da Staromestské, mas o único bar que encontramos estava fechando quando chegamos!

O pessoal do LOPP deveria chegar na quarta-feira. Por isso, programamos um passeio para a manhã e planejamos procura-los no final da tarde. Fomos ao monastério Strahov, próximo ao Castelo, sede de uma incrível biblioteca com mais de 200.000 volumes. A Sala Teológica, uma das duas salas principais (a outra é a Sala Filosófica), é conhecida por ter sido cenário de uma cena do filme A Liga Extraordinária. Enorme (32x22x14 metros), abriga mais de 42.000 volumes. A passagem que une as salas é uma espécie de protótipo de museu. Nela se pode ver os Armários de Curiosidades (Wunderkammer), repletos de animais empalhados, armas e armaduras, instrumentos científicos históricos, mapas e coleções de peças arqueológicas, insetos, minerais e vegetais. Em seguida, conhecemos as salas históricas do monastério propriamente dito, e visitamos também a galeria de arte no segundo andar. À tarde, a Istefani entrou em contato conosco no hotel, e fomos ao encontro delas. Ela, Márcia e Carla haviam acabado de chegar, e mal haviam se instalado no apartamento quando chegamos. Foi um reencontro muito legal, emocionante. Como mencionei em outro post, aguçou bastante nossa saudade do Brasil.

Na quinta-feira, nos desencontramos das meninas. Como não recebemos recado, fomos ao museu de Alfons Mucha. Outra excelente visita cultural, na qual ficamos conhecendo muito da vida do precursor da art nouveau. Passeamos longamente pela Cidade Velha, vimos a Prasná brána (Torre da Pólvora) e a Obecní Dum (Casa Municipal), passeamos no Josefov, o bairro judeu, e retornamos ao hotel a tempo de descobrir que a Istefi estava desesperadamente tentando entrar em contato consosco. Nos encontramos à noite, quando a Ângela já havia chegado, e jantamos num KFC.

Na sexta-feira, levamos elas ao Castelo. Desta vez, entramos pela entrada e visitamos os Jardins Reais. Assistimos à fanfarra das 12:00h no portão, nos demoramos bastante no interno do Castelo enquanto esperávamos o Flávio, visitamos novamente a Catedral e, desta vez, nos aventuramos também nos museus e nas diversas ruelas internas do complexo. Mas nada do Fogliatto. A noite foi divertida também, passeamos pelas lojas da Cidade Velha. Melhor dizendo, paramos em cada uma das centenas de lojinhas da Cidade Velha...

Sábado de manhã fomos ao hotel do Flávio. Só assim para encontrá-lo. O dia foi de compras e passeio pelo comércio, basicamente. Foi uma farra de compras que se concluiu muito prazeirosamente com uma janta em um restaurante típico frequentado basicamente por locais, em um bairro residencial de Praga - totalmente fora do alcance de turistas como nós. Muita comida, pivo escura e preços extremamente convidativos!

Domingo, o penúltimo dia, foi dedicado a um piquenique no parque do castelo Vyšehrad, recomendado tanto pelo Flávio quanto por uma gentil garçonete tcheca (aliás, tchecos gentis são, absolutamente, exceção!). Linda vista da cidade de um ângulo diferente, poucos turistas e um tempo excelente fizeram desse um dos melhores passeios da viagem. Márcia e Carla foram embora ainda no domingo, mas aproveitamos o dia até o finalzinho comprando livros, tomando pivo à margem do Vlatva e passeando pelas ruazinhas pitorescas de Praga. Nos reencontraríamos com Ângela e Istefi na segunda-feira, no aeroporto. Providencialmente, o vôo que elas pegariam no início da tarde estava overbooked e elas acabaram embarcando bem próximo do horário da nossa viagem de retorno. Na inestimável companhia delas, ajudamos a consumir parte da indenização paga pela companhia aérea pelo atraso com mais comida típica, pivo e doces deliciosos!

Em poucas palavras, uma viagem inesquecível a uma cidade mágica, repleta de história e cultura, em companhia de amigos maravilhosos aos quais só temos que agradecer a oportunidade!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Veneza no centro do mundo do cinema

A frase é clichê, mas não é por ser clichê que deixa de ser verdadeira: a Itália respira cinema. Isso por causa da Mostra Internazionale d'Arte Cinematografica, mais conhecido em portugês como Festival de Cinema de Veneza. O Festival tem história, tendo sido realizada pela primeira vez na Sereníssima em 1932. De fato, trata-se do mais antigo festival de cinema do mundo, o que por si só já deve garantir uma certa importância aos prêmios concedidos. O vencedor do principal deles, o Leone d'Oro, deve ser anunciado sábado próximo, dia 8 de Setembro.

Mas há muito mais na mostra do que os prêmios. O festival é assunto obrigatório em todos os telejornais, seja com reportagens de fofoca sobre os grandes astros que desfilam nos canais da Sereníssima, seja com análises interessantes e bem embasadas sobre os filmes que desfilam nas telas. A lista de atores e diretores globais em Veneza é extensa: Michael Cane e Jude Law divulgando o remake de Sleuth (1972), a piratesca Keira Knightley, Angelina Jolie e Brad Pitt com os filhos, Richard Gere, Woody Allen, George Clooney (quase em casa na Itália e, ainda por cima, polêmico como os italianos!), Bill Murray e Brian DePalma são apenas alguns dos nomes que vi nas manchetes recentemente. Dos filmes, nenhum me chamou muito a atenção. O mais esperado, na minha opinião, é uma nova versão de Blade Runner, de Ridley Scott, 25 anos após o primeiro lançamento. O título é pomposo e, talvez, indique o caráter definitivo dessa que é a quinta versão da obra: Blade Runner: The Final Cut.

Daniela e eu, da nossa parte, entramos na onda cinematográfica. Nos últimos dias, assistimos a vários filmes que estavam na nossa lista há tempos. Os melhores, sem dúvida, Blood Diamond, com um DiCaprio definitivamente mais intenso do que o habitual, e Notes On a Scandal, filme pelo qual Judi Dench e Cate Blanchett foram merecidamente indicadas ao Oscar deste ano.

Entre os razoáveis, a animação Open Season, o surpreendente The Da Vinci Code (apesar da constante enxurrada de informações e explicações sobre teorias conspiratórias a que somos submetidos ao assistir o filme, foi melhor do que eu esperava) e o quase-obscuro Amazing Grace, tocante filme biográfico sobre o político anti-escravista britânico William Wilberforce (interpretado por Ioan Gruffudd, mais conhecido pelo papel de Reed Richards em Quarteto Fantástico). O prêmio Viagem Inexplicável aos Confins do Inescrutável, sem dúvida, foi para Klimt. Pretensioso e confuso, pra dizer o mínimo. Não sei porque John Malkovich se presta a esse tipo de coisa.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Divulgação: I Jornada em Defesa do Pensamento Científico

A disciplina de Metodologia Científica do curso de Geociências e Educação Ambiental do Instituto de Geociências da USP e a Sociedade Brasileira de Céticos e Racionalistas realizarão a I Jornada em Defesa do Pensamento Científico.

Abaixo mais detalhes e a programação:
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Data: 18 de setembro de 2007 (terça-feira)
Local: IGc/USP - R. do Lago, 562 - Cid. Universitária - Butantã - São
Paulo - SP

Programação:
09h10 a 09h30: Abertura Prof. Drs. Arlei Benedito Macedo (USP) e Renato Sabbatini (Unicamp).
09h40 a 10h20: Analfabetismo científico, Prof. Dr. Renato Sabbatini (Unicamp).
10h20 a 10h40: Café.
10h40 a 11h20: Criacionismo, Prof. Dr. Mário de Pinna (USP).
11h30 a 12h10: Como vender o pensamento não-científico, Prof. Dr. Francisco Stefano Wechsler (UNESP).
12h10 a 14h00: Almoço.
14h00 a 14h40: Sensacionalismo e Jornalismo Científico, - Ulisses Capozzoli - Astronomy Brasil).
14h50 a 15h30: Pensamento Crítico - Panorama da América Latina - Sr. Alejandro J. Borgo (Pensar - CFI/Argentina).
15h30 a 15h50: Café.
15h50 a 16h30: A defesa do pensamento científico nas universidades e centros de pesquisa (mesa-redonda).
16h40 a 17h10: Resultados preliminares da pesquisa sobre Pseudociências (alunos do LIGEA).
19h00 a 19h40: Ilusões e equívocos do pensamento humano, - Dr. Sérgio Navega - (Intelliwise Research and Training).
19h40 a 20h00: Sumário e encerramento, - Prof. Dr. Francisco Stefano Wechsler - UNESP).

Taxa de inscrição: R$ 60,00
Mais informações: palestrasreflexoes2007@gmail.com

sábado, 1 de setembro de 2007

Computadores: iPods e iPhones fazem bem à Apple

Parece que o iPhone realmente fez bem para a Apple. Não apenas as vendas do telefone estão acima das expectativas (estimativa de 270.000 no 3T07 e mais de 800.000 no 4T07), mas geraram um efeito positivo também para as linhas de computadores da companhia. É o que indica uma recente pesquisa da ChangeWave Alliance divulgada pelo IDG News Service.

O índice de vendas recentes de laptops da Apple chegou no seu ponto mais alto nos últimos três meses: de 12% em Junho para 17% em Julho (os computadores de mesa flutuam em 7-8%). Quando perguntados sobre a marca do computador que planejam adquirir, 28% dos futuros compradores de laptops indicaram a empresa de Steve Jobs. O mesmo índice ficou em 23% para desktops Mac. E o efeito sinérgico da procura por iPhones e iPods pode aumentar esses números ainda mais: espera-se para breve o anúncio de novos modelos de iPod. As ações da companhia subiram 5% com os boatos.

Quem está perdendo espaço é a Dell. Outra reportagem, do The New York Times, indica que a companhia ainda está operando no positivo, mas problemas com tempos de produção e entrega de seus novos notebooks tem causado quedas significativas no market share. Embora a Apple venha subindo a ladeira, quem mais tem se beneficiado dos problemas da empresa de Michael Dell são as grandes como HP e Acer.

Acer que, por sinal, está prestes a ultrapassar a Lenovo e assumir o posto de terceira maior fabricante de computadores do mundo. A empresa anunciou a aquisição da Gateway, em um negócio de US$710 milhões divulgado no último dia 27. Aprovado por ambas as companhias, a compra deve ser finalizada até o final do ano. Em 2006, a Gateway detinha a oitava posição no mercado de computadores global. A notícia é do InfoWorld.