terça-feira, 31 de julho de 2007
Ainda sobre o vidente das pós-visões
Já que o assunto é Jucelino e suas premonições de fatos já acontecidos, não posso deixar de indicar esse post do blog Saindo da Matrix.
Credulidade sem limites
Um email recebido hoje me lembrou o quanto ainda somos crédulos. A mensagem, que infelizmente deve estar circulando nas listas de contato de muitas pessoas, alude às "previsões" que um charlatão chamado Jucelino Nobrega da Luz teria feito com relação ao recente acidente com o avião da TAM em Congonhas. Traz em anexo imagens digitalizadas de recibos postais e ARs, bem como de uma carta datilografada endereçada à TAM, a qual faz referência a uma outra carta escrita à mão que inclui supostos detalhes da tragédia.
Esse assunto foi recentemente discutido em uma lista de céticos e racionalistas que frequento. A fraude parece ser uma explicação bem mais realista (porém, menos emocionante) do que premonição extra-sobrenatural. A propósito, meus agradecimentos a Ronaldo Cordeiro e Roberto Takata pelas suas lúcidas análises, nas quais me fundamentei para escrever esse post.
Primeiro, os impressionantes detalhes na carta escrita à mão. Facilmente, ele pode escrever cartas com conteúdos genéricos ou mesmo com grandes espaços em branco, as quais têm a firma reconhecida em cartório. O mesmo pode ser feito com uma cópia autenticada, uma vez que o que autenticar não é o mesmo que validar o conteúdo. Depois do fato acontecido, basta preencher os detalhes. No caso, convém lembrar que a carta datilografada não traz nenhum carimbo de cartório, podendo tranquilamente ter sido escrita após o acidente. Como diz o Ronaldo Cordeiro, "o resultado é grosseiro, mas pelo visto convence algumas pessoas". Muitas, Ronaldo. Infelizmente, muitas pessoas preferem acreditar em premonições do que em farsa e má índole.
Às vezes, Jucelino apresenta cartas de resposta de empresas, pessoas e instituições supostamente "avisadas" por ele dos terríveis acontecimentos previstos. Para isso, basta ele escrever cartas endereçadas a essas instituições com solicitações e pedidos triviais, de modo a poder falsificar a carta de resposta (devidamente assinada por responsáveis da instituição, ou trazendo algum tipo de logomarca ou timbre que indique a "oficialidade" da correspondência). Ronaldo Cordeiro brincou com esse truque, comentando que "além de as 'respostas' costumeiramente virem desalinhadas e com fonte diferente da parte que é mantida da resposta verdadeira, elas vêm escritas no estilo do Jucelino. Quando são em 'inglês', ainda rendem umas boas risadas."
Em suma, trata-se uma farsa tosca e absurda. E o pior é o mau caratismo desse picareta, querendo aparecer às custas do sofrimento das centenas de famílias atingidas pela tragédia. Vale lembrar que esse é o mesmo aproveitador que "previu" os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA e de 11 de março de 2004 na Espanha, bem como "localizou" Saddam Hussein para o governo dos EUA (mas nao levou a recompensa). Ele também teria tido premonições sobre os acidentes com o avião da GOL e das obras do metrô de São Paulo, em 2006.
Me entristece muito ver que esse tipo de charlatão tem a repercussão que tem no Brasil. Um povo mais esclarecido certamente não aceitaria esse tipo de coisa. Bem, um povo mais esclarecido não aceitaria muitas outras coisas. A começar pelos políticos que os representam.
Esse assunto foi recentemente discutido em uma lista de céticos e racionalistas que frequento. A fraude parece ser uma explicação bem mais realista (porém, menos emocionante) do que premonição extra-sobrenatural. A propósito, meus agradecimentos a Ronaldo Cordeiro e Roberto Takata pelas suas lúcidas análises, nas quais me fundamentei para escrever esse post.
Primeiro, os impressionantes detalhes na carta escrita à mão. Facilmente, ele pode escrever cartas com conteúdos genéricos ou mesmo com grandes espaços em branco, as quais têm a firma reconhecida em cartório. O mesmo pode ser feito com uma cópia autenticada, uma vez que o que autenticar não é o mesmo que validar o conteúdo. Depois do fato acontecido, basta preencher os detalhes. No caso, convém lembrar que a carta datilografada não traz nenhum carimbo de cartório, podendo tranquilamente ter sido escrita após o acidente. Como diz o Ronaldo Cordeiro, "o resultado é grosseiro, mas pelo visto convence algumas pessoas". Muitas, Ronaldo. Infelizmente, muitas pessoas preferem acreditar em premonições do que em farsa e má índole.
Às vezes, Jucelino apresenta cartas de resposta de empresas, pessoas e instituições supostamente "avisadas" por ele dos terríveis acontecimentos previstos. Para isso, basta ele escrever cartas endereçadas a essas instituições com solicitações e pedidos triviais, de modo a poder falsificar a carta de resposta (devidamente assinada por responsáveis da instituição, ou trazendo algum tipo de logomarca ou timbre que indique a "oficialidade" da correspondência). Ronaldo Cordeiro brincou com esse truque, comentando que "além de as 'respostas' costumeiramente virem desalinhadas e com fonte diferente da parte que é mantida da resposta verdadeira, elas vêm escritas no estilo do Jucelino. Quando são em 'inglês', ainda rendem umas boas risadas."
Em suma, trata-se uma farsa tosca e absurda. E o pior é o mau caratismo desse picareta, querendo aparecer às custas do sofrimento das centenas de famílias atingidas pela tragédia. Vale lembrar que esse é o mesmo aproveitador que "previu" os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA e de 11 de março de 2004 na Espanha, bem como "localizou" Saddam Hussein para o governo dos EUA (mas nao levou a recompensa). Ele também teria tido premonições sobre os acidentes com o avião da GOL e das obras do metrô de São Paulo, em 2006.
Me entristece muito ver que esse tipo de charlatão tem a repercussão que tem no Brasil. Um povo mais esclarecido certamente não aceitaria esse tipo de coisa. Bem, um povo mais esclarecido não aceitaria muitas outras coisas. A começar pelos políticos que os representam.
domingo, 29 de julho de 2007
Leituras de Verão
Tempo de férias, tempo de leituras leves e divertidas.
Por isso, resolvi começar uma série que comprei há algum tempo, ainda no Brasil. Trata-se de Worldwar, de Harry Turtledove, composta por quatro livros: In The Balance, Tilting The Balance, Upsetting The Balance e Striking The Balance. Uma premissa promissora para quem gosta de história alternativa e Segunda Guerra Mundial: em 1942, as potências em conflito precisam lidar com uma invasão aliengígena!
Afinal, os neurônios também precisam descansar.
A propósito, Turtledove é um dos mais prolíficos autores do gênero de histórias alternativas.
Por isso, resolvi começar uma série que comprei há algum tempo, ainda no Brasil. Trata-se de Worldwar, de Harry Turtledove, composta por quatro livros: In The Balance, Tilting The Balance, Upsetting The Balance e Striking The Balance. Uma premissa promissora para quem gosta de história alternativa e Segunda Guerra Mundial: em 1942, as potências em conflito precisam lidar com uma invasão aliengígena!
Afinal, os neurônios também precisam descansar.
A propósito, Turtledove é um dos mais prolíficos autores do gênero de histórias alternativas.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
A Itália também tem praia
E que bela praia é Camogli, um pequeno burgo de pescadores incrustado nas montanhas da Liguria. Montanhas que, por sinal, parecem acabar direto na clara água azul turquesa do Mediterrâneo. A geografia e a arquitetura local se mesclam de modo que os prédios construídos sobre as escarpas dão a impressão de terem sido esculpidos a partir da rocha, pendendo sobre rochedos quase verticais. Embaixo, a pequena praia foi aumentada com os restos de pedras da abertura dos túneis ferroviários da linha Genova-La Spezia.
O mar é excelente, de temperatura agradável. Curioso é que a bem poucos passos da margem o chão rochoso se inclina bastante, provocando a arrebentação. Porém, a água não é agitada, não há repuxo, correnteza ou buracos. O chão é feito de seixos e pequenas pedrinhas, que machucam bastante os pés. E os frequentadores da praia eram, pelo menos no dia em que estivemos lá, na maioria famílias. Notamos muitas nonnas com os netos. Enfim, um ambiente ótimo para curtir o verão italiano.
As fotos, claro, no nosso álbum.
O mar é excelente, de temperatura agradável. Curioso é que a bem poucos passos da margem o chão rochoso se inclina bastante, provocando a arrebentação. Porém, a água não é agitada, não há repuxo, correnteza ou buracos. O chão é feito de seixos e pequenas pedrinhas, que machucam bastante os pés. E os frequentadores da praia eram, pelo menos no dia em que estivemos lá, na maioria famílias. Notamos muitas nonnas com os netos. Enfim, um ambiente ótimo para curtir o verão italiano.
As fotos, claro, no nosso álbum.
quinta-feira, 26 de julho de 2007
Scusa, Dante!
Mais uma poesia da Nana.Tanto gentil e tanto onesto pare
l´amato mio, quand´entra e mi saluta,
ch´ogni frase divien tremante e muta
e gli occhi non s´azzardan di guardare.
Egli si va, sentendosi chiamare
benignamente dice:- L´ora è scaduta,
alzati amore,non star lì seduta!
Apri la porta , me ne devo andare!
Mostrasi sì spiacente d´andar via
che dà per gli occhi una tristezza al core
che intender non la può chi non la prova.
E par che dalle sue labbra si muova
un sentimento dolce pien d´amore
che va dicendo all´anima :- Sei mia!
segunda-feira, 23 de julho de 2007
Domingo de sol em Camogli... não, Novara
Fizemos de tudo para que a viagem à Camogli fosse perfeita. Planejamos ir e voltar de trem, saindo de Novara às 7:35h e voltando às 19h. Preparamos sanduíches, colocamos água e chá para gelar, compramos chocolate e bolachas para o lanche. Colocamos nas mochilas as toalhas, os remédios, o boné, a roupa de banho e o protetor solar. Carregamos as baterias da máquina fotográfica e do MP3 player. Não esquecemos detalhe algum!
E parece que tudo estava colaborando: a previsão do tempo para domingo indicava um dia lindo, ensolarado, com mínima de 23 e máxima de 29 graus Celsius, com brisa agradável e sem chances de chuva. Meu comentário ao verificar que estávamos saindo de casa com 30 segundos de antecedência frente ao cronograma planejado: "Incrível como, certos dias, tudo parece dar certo!"
Sim, era um desafio a Murphy!
Chegando na estação, notei que algo estava errado quando percebique não havia fila para comprar bilhetes. Afinal, as coisas não podem ser tão perfeitas. Dito e feito. O casal que estava sendo atendido na nossa frente saiu, emburrado. Assim como nós, eles também estavam devidamente equipados para a praia. Escutei, de relance, a temida palavra: sciopero, ou seja, greve. Olhei imediatamente para o painel eletrônico e confirmei meu temor ao ver as letrinhas SOP no indicador de status do nosso trem. Como a esperança não morre tão fácil, ainda tentei o atendente no balcão de bilhetes, mas foi inútil: os trens para a Liguria estão sopressi, cancelados, por causa da greve. Haveria a opção de ir via Milano, custando bem mais, demorando bem mais, e sem garantia de retorno.
Ok, Murphy, boa tentativa, mas não somos tão burros.
Comunque, não desistimos de Camogli. Talvez não em um dia tão bonito, talvez esqueçamos alguma coisa, mas que vamos passar um dia na praia, vamos!
E parece que tudo estava colaborando: a previsão do tempo para domingo indicava um dia lindo, ensolarado, com mínima de 23 e máxima de 29 graus Celsius, com brisa agradável e sem chances de chuva. Meu comentário ao verificar que estávamos saindo de casa com 30 segundos de antecedência frente ao cronograma planejado: "Incrível como, certos dias, tudo parece dar certo!"
Sim, era um desafio a Murphy!
Chegando na estação, notei que algo estava errado quando percebique não havia fila para comprar bilhetes. Afinal, as coisas não podem ser tão perfeitas. Dito e feito. O casal que estava sendo atendido na nossa frente saiu, emburrado. Assim como nós, eles também estavam devidamente equipados para a praia. Escutei, de relance, a temida palavra: sciopero, ou seja, greve. Olhei imediatamente para o painel eletrônico e confirmei meu temor ao ver as letrinhas SOP no indicador de status do nosso trem. Como a esperança não morre tão fácil, ainda tentei o atendente no balcão de bilhetes, mas foi inútil: os trens para a Liguria estão sopressi, cancelados, por causa da greve. Haveria a opção de ir via Milano, custando bem mais, demorando bem mais, e sem garantia de retorno.
Ok, Murphy, boa tentativa, mas não somos tão burros.
Comunque, não desistimos de Camogli. Talvez não em um dia tão bonito, talvez esqueçamos alguma coisa, mas que vamos passar um dia na praia, vamos!
sexta-feira, 20 de julho de 2007
O Futuro da Energia Solar - Uma Visão Menos Otimista
De uns tempos pra cá, o pai anda empolgado com a energia solar. Confesso que até hoje não tinha me dedicado a entender a problemática, simplesmente aceitava o senso comum de que energia solar é limpa, renovável, boa e, por isso, deve ser a energia do futuro.
Hoje, casualmente, me deparei com duas matérias interessantes sobre o assunto que me fizeram, se não reconsiderar, ao menos repensar minhas certezas. Abaixo, minhas considerações.
Na Califórnia, foi aprovada lei para instalar 1 milhão de "tetos solares" nos próximos 10 anos. Muito bom para o comércio dos painéis foto-voltáicos, mas será que causa algum impacto real na matriz energética americana? Além disso, será que movimentar o mercado da energia solar ajuda a alcançar os brakthrough tecnológicos necessários para que a energia solar passe de "boa idéia, bem intencionada" para uma alternativa séria aos problemas energéticos do mundo?
Essas questões são discutidas no artigo do No The New York Times, Solar Power Wins Enthusiasts but Not Money. A matéria mostra como, apesar de ser popular, a energia solar não deve decolar seriamente nos próximos anos. Hoje, a energia solar corresponde a menos de 0,01% do total da energia norte-americana. Essa situação nao deve mudar significativamente ate 2030, salvo grandes descobertas científicas. Dada a quantidade de dinheiro injetada em pesquisa de base na área (US$ 159 milhões no atual ano fiscal, pouco se comparado aos US$ 427 milhóes investidos em pesquisa de energia por queima de carvão), isso nao deve acontecer. Na melhor das hipóteses, estima-se que a parcela de energia solar no portfólio energético dos EUA será de 2% a 3% nas próximas décadas. A grande aposta em fontes renováveis parece ser mesmo o biocombustível - com forte lobby dos estados de base agrícola. Em tempo: o principal problema parece envolver as tecnollgias para armazenamento economicamente viável da energia solar.
Hoje, casualmente, me deparei com duas matérias interessantes sobre o assunto que me fizeram, se não reconsiderar, ao menos repensar minhas certezas. Abaixo, minhas considerações.
Na Califórnia, foi aprovada lei para instalar 1 milhão de "tetos solares" nos próximos 10 anos. Muito bom para o comércio dos painéis foto-voltáicos, mas será que causa algum impacto real na matriz energética americana? Além disso, será que movimentar o mercado da energia solar ajuda a alcançar os brakthrough tecnológicos necessários para que a energia solar passe de "boa idéia, bem intencionada" para uma alternativa séria aos problemas energéticos do mundo?
Essas questões são discutidas no artigo do No The New York Times, Solar Power Wins Enthusiasts but Not Money. A matéria mostra como, apesar de ser popular, a energia solar não deve decolar seriamente nos próximos anos. Hoje, a energia solar corresponde a menos de 0,01% do total da energia norte-americana. Essa situação nao deve mudar significativamente ate 2030, salvo grandes descobertas científicas. Dada a quantidade de dinheiro injetada em pesquisa de base na área (US$ 159 milhões no atual ano fiscal, pouco se comparado aos US$ 427 milhóes investidos em pesquisa de energia por queima de carvão), isso nao deve acontecer. Na melhor das hipóteses, estima-se que a parcela de energia solar no portfólio energético dos EUA será de 2% a 3% nas próximas décadas. A grande aposta em fontes renováveis parece ser mesmo o biocombustível - com forte lobby dos estados de base agrícola. Em tempo: o principal problema parece envolver as tecnollgias para armazenamento economicamente viável da energia solar.
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