sábado, 16 de fevereiro de 2008

Aniversário

Normalmente, eu diria que é sofrido comemorar aniversário tão longe da família e dos amigos. No ano passado foi, pelo menos.

Mas ontem, até que não foi tão difícil driblar a saudade. Afinal, fui inundado por uma quantidade enorme de emails, telefonemas, mensagens de MSN e recados no Orkut, com direito até a festa no MSN, organizada pelo Kappel, e parabéns no telefone da princesinha mais arredia do mundo!

Quero, portanto, agradecer publicamente a todos por cada palavra ou pensamento de lembrança no dia de ontem. O afeto de vocês foi muito importante, pois cada demonstração de carinho é amplificada e multiplicada pela distância que nos separa.

E, à noite, ainda tive o prazer de levar minha amada companheira de giramundo para jantar com um casal de novos amigos que, apesar da pouca convivência, já se mostraram tão amáveis que parece que nos conhecemos de longa data.

Foi um dia muito agradável, e fiquei bastante feliz. Obrigado a todos por me proporcionarem essa alegria nesse dia tão importante.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

São Valentim e a Lupercália

Hoje é dia de San Valentin (São Valentim), comemoração do dia dos namorados aqui pelos pagos do norte. Reza a lenda que São Valentim, ainda na época dos imperadores romanos avessos à religião católica, celebrava casamentos às escondidas, desafiando a proibição imperial. A data 14 de fevereiro marcaria o aniversário da decapitação do santo (como todo bom mártir, assassinado brutalmente em nome de suas convicções religiosas).

Porém, isso não passa de lenda. É uma história interessante, mas desprovida qualquer fundamento histórico.

Curioso é que pouco se sabe de concreto sobre o São Valentim histórico. Na verdade, não se sabe nem mesmo se São Valentim se refere a apenas um ou mais mártires daqueles tempos difíceis em que os católicos eram apenas vítimas de perseguição. Por tradição, celebra-se seu dia no 14 de Fevereiro, mas nada se sabe sobre sua vida - ou morte, que no caso dos mártires costumava ser bastante violenta e, por isso, marcante para os fiéis. Mais especificamente, não há qualquer ligação ou evidência de São Valentim com os namorados e amantes. A associação com o amor e romantismo veio, muito provavelmente, com Chaucer, na Idade Média.

Por outro lado... 15 de Fevereiro era a data tradicional da Lupercalia, a festa pagã da fertilidade da Roma antiga. Era um dia em que os jovens romanos de todas as classes corriam pela cidade nus, provocando (romanticamente, é claro!) as moças que encontravam pelo caminho. É de se pensar o quanto as moças evitassem sair às ruas naquela data.

E, coincidentemente, 15 de fevereiro é também o dia do meu aniversário! Se não estivesse tão frio, eu até comemoraria correndo nu pelas ruas de Novara (a fim de honrar a antiga tradição da Lupercalia, é claro!!!).

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Giramondo

de Nicola di Bari, com seu look nerd dos anos 60.

Un giramondo come me,
che cambia strada appena puo',
deve trovare nella vita
la donna fatta come lui.

Se girando il mondo trovero'
una che pensa come me,
avro' trovato la mia strada,
il resto poi verra' da se'.

Giorno dopo giorno l'aspettero',
passo dopo passo io la cerchero',
e la trovero', la trovero', la trovero'.

Ma un vagabondo come me
che insegue la felicita',
in fondo vuole dalla vita,
solo l'amore che non ha.

Giorno dopo giorno l'aspettero',
passo dopo passo io la cerchero',
e la trovero', la trovero', la trovero'.

Ma un vagabondo come me
che insegue la felicita',
in fondo vuole dalla vita,
solo l'amore che non ha
vuole l'amore che non ha
cerca l'amore che non ha
cerca l'amore che non ha...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Gelatto gelado

Sorvete italiano é muito bom. Mesmo no inverno. Aliás, sobretudo no inverno.

Pena que faz ficar resfriado...

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ainda o Papa

Hoje recebi, através da lista de emails da SBCR (Sociedade Brasileira de Ceticismo e Racionalismo), um texto de opinião do sociólogo e biólogo Francisco Borba Ribeiro Neto sobre a recusa do Papa em participar da aula de inauguração do ano acadêmico da Universidade La Sapienza, no início do ano. O texto retoma, como ponto de partida, a repetição de uma série de argumentos que já cansei de ouvir na mídia italiana: o Papa foi impedido de dialogar com a Universidade, o incidente foi um exemplo de intransigência e cerceamento da liberdade de expressão (nas palavras de Ribeiro Neto, "um disparatado ataque à liberdade de expressão" e "recusa ao diálogo e à argumentação racional"), etc.

Incrível.

Diz-se que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade.

A meu ver, é exatamente o que vem acontecendo com essa questão. Ao contrário do que se diz e se escreve em quase todo lugar, o Papa NÃO foi impedido de participar da aula magna na Sapienza. Ele não foi PORQUE NÃO QUIS. Simples assim. O protesto dos estudantes nos dias anteriores à programada participacao "papal" foi mínimo, sem qualquer manifestação de violência. Ligeiramente mais significativo foi o protesto de 67 professores (entre 4.500, como bem nota o texto de Ribeiro Neto). Mas mesmo isso não passou de uma carta aberta afirmando a opinião de que esse Papa específico não é, na visão desses professores, bem vindo à Universidade. E cabe lembrar que tanto representantes do governo da cidade de Roma quanto do governo federal garantiram que não havia qualquer ameaça à segurança de Benedetto.

A mim, parece que intransigente nessa história foi mesmo o Vaticano. Ficaram com medo da repercussão de uma eventual rejeição ou vaia ao Papa, ou não gostaram das críticas, sei lá.

Aliás, me pasma que aqui na Itália, a totalidade da imprensa, na qual se incluem ate mesmo os setores ditos "anti-clericais" da RAI, comprou essa versão do mito da Universidade contrária à liberdade de expressão.

Também me marcou muito perceber a importância social e cultural que a Igreja ainda representa por aqui. Essa importância foi evidenciada pelo fato de que a imprensa só deixou de abordar o assunto da recusa do Papa quando a crise do governo se mostrou tal que a queda de Prodi passou a ser inevitável.

E ainda houve senadores que usaram o episódio (junto com a crise do lixo em Napoli) para justificar seu voto contrário ao governo!