Bom, parece que a Reuters não fez sua pesquisa direito. Lendo o excelente blog Philosophy of Information, do professor de Ética e Epistemologia Luciano Floridi, descobri que a República das Maldivas ganhou da Suécia. Coisa pouca, cerca de uma semana, mas essa pequena nação insular do Pacífico com pouco mais de 300.000 habitantes (a título de comparação, Second Life tem cerca de 6,5 milhões de usuários) é, até segunda ordem, a verdadeira pioneira na onda da virtualização nacional.
Além desta curiosidade, notei que o Professor Floridi parece concordar comigo com relação à importância do Second Life (e, por extensão, de jogos multiplayer online) na estruturação de futuras relações sociais e cognitivas humanas. Um trecho do post dele:
Entre os questionamentos que a popularização da Second Life suscita, podemos mencionar o estabelecimento da identidade social, as construções individual e social do self e a emergência de comunidades com seus próprios códigos e regras de ética fundados em relações impraticáveis no mundo real.SL is nothing short of the largest and most realistic thought experiment ever attempted, a true mine for philosophical research.
Ao mesmo tempo que nos convida a partilhar dessa experiência inovadora, Professor Floridi também coloca dois avisos importantes. O primeiro refere-se ao aspecto político e ético, uma vez que Second Life, nos moldes que o conhecemos hoje, é um sistema de informação com fins lucrativos gerenciado por uma corporação com seus próprios interesses. Importantes questões sobre ética no desenvolvimento de sistemas surgem desta percepção, e devem movimentar politicamente os avatares.
O segundo aviso diz respeito aos perigos psicológicos de se viver em uma realidade em que se pode ter outra identidade, onde se pode estabelecer outros tipos de relações sociais. No mínimo, há o risco de estabelecer algum tipo de dependência psicológica, ou de que a atenção dedicada à Second Life atrapalhe a First Life. Porque até segunda ordem vivemos, ainda, na carne e osso da First Life.
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