quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Ecco le vacanze
Deixo aqui os votos de um gioioso Natale a tutti!
Antes do fim do ano escrevo de novo.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
O Mundo aos pés do Milan, de novo
Ontem o Milan, o clube com mais conquistas relevantes entre todos os clubes de futebol do planeta, se sagrou tetracampeão do mundo. É realmente impressionante. São 18 títulos internacionais e 29 conquistas nacionais importantes. Uma equipe poderosa, sempre disputando como favorita os campeonatos de que participa. Este ano, venceu a Champions 2006/2007 e já desponta como favorita para vencer novamente na temporada 2007/2008. Além de tudo, é o time do melhor jogador do mundo disparado, Kaká.
E, vejam só, o potente Milan, tetracampeão do mundo, já esteve na Série B. Duas vezes.
domingo, 16 de dezembro de 2007
Sábado nerd
E os amigos deles não deixam por menos, todos muito simpáticos e abertos. Conhecemos o Gabri, o Gianni e o casal Marco e Anna.
Além disso, conheci a querida Mela. Eis uma foto dela.
O jantar estava delicioso, tipicamente italiano - com direito não apenas a primo e secondo saborosos, mas com queijos, vinho, contorni, pausas entre os pratos, piseli queimadas, exagero de sobremesas e um dedinho de café expresso. Abaixo, uma prévia do tiramisu. E não esqueçamos dos nossos (vergoooonha) negrinhos falhados.
O mais surpreendente, porém, foi me descobrir em meio a um "antro" de nerds! As conversas invariavelmente giravam em torno de quadrinhos, RPG (inclusive Live Medieval com figurinos completos e cenário em castelos de verdade), jogos de tabuleiro, jogos de carta, Munchkin, Senhor dos Anéis e Guerra nas Estrelas. E, depois da janta, uma sessão de Halo 3 no Xbox 2. Ou seja, me senti totalmente em casa! ;-)
Vale, ainda, o link para o blog da Tal. Divertido e tocante, vale a leitura - e ainda por cima dá pra melhorar o italiano.
sábado, 15 de dezembro de 2007
Que venha o frio!
Enquanto isso, por algum motivo desconhecido a data de entrega de todas as avaliações dos cursos do doutorado cairam nesses próximos dias. Ô beleza, trabalho que não acaba mais! Ainda bem que aqui dentro é quentinho e o vinho é bom.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Brava, Bella e Profumata
Pois é... ela é mesmo una ragazza brava, bella e profumata! Eis Daniela e sua amica polaca Anna, spaccando la testa.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Che tempo che fa
Como se não bastasse o frio, tem um muro branco de foschia intransponível lá fora. Ao contrário de Porto Alegre, a neblina não desaparece ao longo do dia. Essa foto, por exemplo, foi tirada às 16h na sacada da sala. Olhando com cuidado dá pra perceber os faróis de um carro lá na rua.
Mal posso esperar pela neve!
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Casamentos
Uma loucura, a festa organizada na última hora, em meio a tratamento médico, entregando o apartamento alugado e se preparando para a viagem e mudança de país marcada para o final do mês. Para adicionar emoção, uma festa ao ar livre em uma época de chuvaradas de final de tarde. Um olho na previsão do tempo, outro nos preparativos da festa, outro nos preparativos da viagem, um quarto na entrega do apartamento. Dias complicados, aqueles.
Mas deu tudo certo. Os amigos e as famílias estavam lá, na celebração-despedida do casal de maluquinhos. Eram tantos, que ainda hoje me pergunto como cumprimentamos todo mundo! Foi um ritual diferente, com direito ao vento se fazendo sentir na hora da benção do Elemento Ar.
Hoje, comemoramos de novo. Mas com saudades, sem os amigos e as famílias por perto para dividirem conosco a alegria e o amor. Celebramos no frio do inverno, com o Natal e as festas de fim de ano se aproximando para lembrar, mais uma vez, os milhares de quilômetros que nos separam.
1 ano. Isso, sim, é algo marcante, uma data inesquecível por tudo que representa e, também, por tudo que relembra. A primeira de muitas.
E amanhã é o dia da Giselle e do Felipe!
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Gre-nal x Corinthians
Ok, talvez não tenha sido *tão* importante assim.
O que foi realmente importante - e inesquecível - foi ver as duas torcidas do Rio Grande do Sul unidas. Gremistas e colorados, ontem, torciam juntos pela combinação de resultados que levaria o time paulista à Série B. Torcida que se traduziu em um empate do Grêmio em casa, 1x1, e derrota colorada para o Goiás, 2x1, de virada e com direito a um pênalti cobrado três vezes, até fazer!
Eu mesmo assisti parte do segundo tempo do jogo do Inter via MSN, graças a uma webcam que focalizava a TV do Thiago, um colorado fanático grande amigo que, apesar disso, é uma ótima pessoa e um grande amigo. Torcemos separados por um oceano mas unidos contra o Corinthians.
Aliás, é difícil explicar a antipatia coletiva pelo Timão. Os colorados eu até entendo, afinal eles perderam um título brasileiro em 2005 em função da anulação esquisita de alguns jogos que acabou beneficiando a equipe que, naquela época, nadava no dinheiro suspeito da MSI e tinha no argentino Tevez sua principal estrela. Mas os gremistas? Porque tanta raiva?
Talvez porque haja uma percepção de que o Corinthians é constantemente favorecido pela imprensa e pelos dirigentes do futebol nacional. Muitos comentários de leitores em sites como o ClicRBS seguem a linha do "E agora, a Rede Globo vai passar os jogos da Série B?". E a comemoração sobre a desgraça dos corinthianos também é assunto recorrente nos fóruns de debate dos canais de comunicação do centro do país, como a Folha Online.
No fim das contas, fiquei com a impressão de que os únicos que simpatizam com o Corinthians são seus próprios torcedores.
domingo, 2 de dezembro de 2007
100º post
Muitas vezes, alcançar algum tipo de marca é... marcante. Me lembro logo do milésimo gol do Pelé, ou dos 50 anos do final da II Guerra Mundial. São marcas que causam algum tipo de comoção, marcas a se celebrar, a se comemorar.
Outras vezes, as marcas passam despercebidas. É o caso, por exemplo, do centésimo episódio de The Simpsons. E tantas outros acontecimentos que simplesmente não notamos, perdidos na sua própria insignificância.
Este não é, definitivamente, um post marcante. Não vai entrar para a história, não será comentado daqui a 50 anos. Até porque não há nada de especial em escrever 100 posts em um blog.
Mas é curioso como números redondos me induzem a uma espécie de reflexão. Neste caso, me pergunto: porque escrevi estes 100 posts? Considerando que levo em média de 6 minutos para escrever cada post, já dediquei, no mínimo, 10 horas da minha vida ao blog. (Na verdade foi mais tempo, se eu contar também o tempo despendido na configuração e formatação do blog.) Fica a dúvida: esse esforço vale a pena? Ainda mais considerando que tão pouca gente acessa e lê o blog.
Não tenho uma resposta agora. Acho que, na verdade, blogs interessantes são aqueles que se focam em assuntos populares como sexo, fofoca de celebridades ou esportes. Mas tudo bem, meu objetivo nunca foi o de fazer um blog popular. Ele serve para que eu possa ventilar, quando tiver vontade, o que estou pensando a respeito do que vejo, sinto e leio nesses três anos de experiência italiana. E tem sido bem sucedido até agora, apesar de que a constância das postagens tenha diminuído bastante nessa época de final de ano em que as obrigações com o doutorado se acumulam.
Então, tudo indica que o post número 101 aparecerá...
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Renascido, 2 anos atrás
Ainda hoje me emociono quando lembro daquele fim de tarde. Se eu acreditasse em milagres, diria que aquilo foi um.
Abaixo, reprodução de um texto em homenagem à data publicado hoje no site do Imortal Tricolor:
Em sua história centenária, o Grêmio disputou e venceu jogos que valeram muito. Mas nunca, antes de 26 de novembro de 2005, havia disputado uma partida que valesse mais do que tudo. A vida do Imortal Tricolor seria decidida a quilômetros de distância de casa. Éramos poucos, e ainda fomos sendo diminuídos, até restarem apenas sete. Anos e anos de glórias na marca do pênalti. Mas quando se veste o manto azul, preto e branco, é possível fazer o impossível. É possível escrever o maior capítulo de superação da história do futebol. Hoje, o Grêmio retoma sua história e segue sua trajetória de conquistas. Mas não esquece do momento em que tudo começou. Ou melhor, recomeçou. A todos os corações tricolores, a nossa homenagem pelos dois anos da Batalha dos Aflitos.
domingo, 25 de novembro de 2007
Na Itália, a História vive
A mítica gruta foi achada embaixo do palácio de Augusto, primeiro imperador de Roma, durante trabalhos de restauração. Foram divulgadas fotografias da gruta, adornada com mosaicos coloridos de mármore e conchas marinhas e tendo ao centro o símbolo imperial de Augusto: uma águia branca. Procura-se, agora, a entrada da caverna, que acredita-se estar localizada na base da colina.
Para dar uma idéia do impacto da descoberta, o anúncio foi feito pelo próprio Francesco Rutelli, Ministro per i beni e le attività culturale. O assunto foi matéria de diversas reportagens televisivas. Coisa de um povo que realmente valoriza sua cultura e história.
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Gmail com 5 Gb
O serviço de email da gigante de buscas Google causou estardalhaço quando foi lançado, com 1 Gb de espaço, funções de busca inovadoras e, o melhor de tudo, gratuitamente, de acordo com uma estratégia de inserção de anúncios relevantes ao conteúdo das mensagens.
Desde então, Yahoo! e Microsoft correram atrás e lançaram novos serviços de email, sempre com capacidades de armazenamento crescentes. Em resposta, a Goolge dobrou o espaço para 2 Gb e prometeu incrementos pequenos, mas constantes. Alguns meses depois, lembro que dispunha de cerca de 2,4 Gb para meu correio eletrônico. Foi quando decidi abandonar os aplicativos de gerenciamento de emails offline e centralizar todas minhas contas no Gmail.
Finalmente, faz algumas semanas que notei que o meu espaço no Gmail aumentou para 5 Gb, mas não vi nada nos noticiários de TI. Pois é, em tempos de Google Mobile (Android) e Google Social (OpenSocial), talvez o espaço do Gmail realmente não seja mais importante.
sábado, 17 de novembro de 2007
O Português no Italiano
Isso diz muito sobre a imagem que nosso país tem no exterior, não?
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Falando em saudade...
São datas como essas que me fazem perceber de verdade a distância que me separa dos amigos e da família.
sábado, 10 de novembro de 2007
A (má) educação
Preocupe-se. Seu filho é mal educado.
por Gustavo Ioschpe
O Pisa é atualmente o teste internacional de qualidade da educação mais reconhecido globalmente. Ele é aplicado a cada três anos pela OCDE e sua última edição, sobre a qual temos resultados disponíveis, pintou um quadro aterrador para o Brasil. Em primeiro lugar, porque nosso desempenho geral foi baixíssimo. Entre os quarenta países participantes (trinta desenvolvidos e dez em desenvolvimento), ficamos em último lugar em matemática, penúltimo em ciências e 37º na área de leitura. Esse resultado não é de todo surpreendente, já que há anos e em vários outros testes internacionais colhemos resultados parecidos. Há sempre uma tendência do setor mais ilustrado da nossa sociedade de dar de ombros a esses resultados, creditar o fracasso nacional às escolas públicas e imaginar que, colocando o filho em uma boa escola particular, o problema não o afeta. O Pisa demonstra que esse raciocínio não é apenas tacanho, mas também fundamentalmente equivocado – e aí, sim, há uma surpresa digna de nota. O problema não é apenas das escolas públicas, mas da educação como um todo. Não há ilhas de excelência no mar de lodo. Em matemática, por exemplo, apenas 1,2% dos alunos brasileiros chega aos dois níveis mais altos de desempenho, contra uma média de 15% dos estudantes dos países da OCDE, 19% dos de Macau (China) e 7% dos da Rússia. A situação fica ainda mais clara quando fazemos o recorte por nível socioeconômico: o desempenho dos 25% mais ricos do Brasil é menor do que a média dos 25% mais pobres dos países da OCDE. Deixe-me repetir: os alunos da nossa elite têm desempenho educacional pior do que os mais pobres dentre os países desenvolvidos.
A idéia de que a escola particular brasileira é boa e protege seus alunos das deficiências da escola pública é falsa. Nossas escolas particulares são apenas menos ruins do que as públicas – mas, se comparadas às escolas de outros países ou a um nível ideal de qualidade, certamente ficam muito distantes.
Os pais que colocam seus filhos em escolas particulares estão, na realidade, pagando por um diferencial que vem mais deles (pais) do que da escola em si. Estudos recentes do economista Naercio Menezes Filho indicam que 80% da diferença de desempenho entre as escolas públicas e as privadas é explicável pelo status socioeconômico da família do aluno. Outros 10% são explicáveis pelo status dos colegas de ensino. Apenas os 10% restantes são atribuíveis à qualidade da própria escola. Ou seja, de cada 10 pontos de performance superior de um aluno de escola particular, 8 são explicados pelo fato de ele já vir de casa com maior bagagem cultural, ter acesso a livros e viver em um ambiente sem carências materiais agudas; 1 ponto é explicado pelo fato de os colegas dele virem igualmente de ambientes privilegiados – e a literatura empírica é categórica ao apontar os efeitos que os colegas têm sobre o desempenho de um aluno (peer effects) –; e o outro ponto pode ser atribuído à qualidade da escola.
Não é muito difícil entender por que esse quadro é assim. O ator fundamental do processo de ensino é o professor. A boa administração escolar sempre é positiva e surte resultados, mas nem toda a eficiência gerencial do mundo fará com que um mau professor dê uma boa aula. Segundo o Perfil dos Professores Brasileiros, da Unesco, 81% dos atuais professores cursaram seu ensino fundamental em escolas públicas e quase 70% fizeram o curso secundário em escolas públicas. Se esse professor é formado em instituições de ensino claudicantes, ele tenderá a ser também um professor despreparado, por mais rica e organizada que seja a escola em que leciona. Não é possível para a nossa elite criar uma blindagem para se proteger das mazelas do setor público. Não apenas porque a escola pública formará a mão-de-obra dessa elite dirigente, mas também porque formará os professores dos seus filhos. Em todos os países do mundo, educação é um projeto público e nacional. Ou todos vão bem, ou o país vai mal.
Isso não significa dizer, obviamente, que a escola particular não tenha razão de existir ou, pior, que deva ser proibida. Em uma sociedade livre, cada família deve ter o direito de dar aos seus filhos a educação que merece – inclusive uma educação que, medida por testes padronizados, seja de qualidade igual ou inferior à da escola gratuita. No caso de um país com as carências educacionais que temos, mesmo que a diferença pró-particulares seja pequena, nenhum pingo de excelência pode ser sacrificado.
O que esses dados sugerem é que esse modelo de ensino chegou ao seu esgotamento. Seus problemas são em larga medida resultantes de uma mesma mentalidade que permeia nossa vida nacional e causa dificuldades por onde passa. Por muito tempo, os que tiveram a responsabilidade de pensar o país pensaram antes de tudo em si mesmos. Assim, criamos um sistema educacional em que a qualidade do ensino ministrado aos mais pobres não importa e o objetivo do ensino destinado aos ricos é ser tão-somente melhor do que o destinado aos pobres. Enquanto éramos uma sociedade autárquica e agroexportadora, essa miopia não tinha conseqüências maiores. Não é preciso Ph.D. para plantar café e não é preciso preocupar-se com a indústria chinesa em tempos de reserva de mercado. O problema é que nas últimas décadas o mundo mudou e o Brasil quer participar desse mundo novo – sem, porém, mudar a si mesmo. No momento em que o mercado passa a ser global e não nacional ou estadual e em que a competitividade das nações se dá pela produção de bens e serviços de alto valor agregado, o modelo educacional brasileiro já não dá mais conta do recado. Precisamos colocar mais gente nas escolas e especialmente em nossas universidades, e a saída para isso é apenas uma: a melhoria da qualidade do ensino que nossas crianças recebem. Mau ensino hoje é igual a evasão amanhã.
A conclusão é lógica: mesmo quem coloca os filhos em escolas particulares deve se preocupar com a qualidade da educação pública. E com urgência. Não apenas por espírito cívico, mas por amor-próprio também. Atualmente, 13% dos alunos do ensino básico estão em escolas privadas e os outros 87% estudam em instituições públicas. O único encontro entre esses dois grupos que gera alguma mobilização do setor mais avantajado é quando os ex-alunos da escola pública entram na escola do crime e cutucam as janelas dos carros dos ricos com os seus revólveres. Aí, já é tarde demais. No Brasil de 2007, voltar nossa atenção para o que acontece na 1ª série do ensino fundamental das escolas de periferia virou questão de sobrevivência – coletiva e individual, figurada e literal.
sexta-feira, 2 de novembro de 2007
Os stranieri na Itália: números e fatos
Por isso, foi com surpresa que li uma reportagem de página inteira no Il Messagero, tradicional jornal romano. A matéria tratava, muito objetivamente, dos números relativos aos stranieri divulgados em um relatório da Caritas no último dia 30. A seguir, reproduzo alguns dos dados mais relevantes, na esperança de contextualizar o universo dos imigrantes - legais e ilegais - na Itália.
O total de estrangeiros legalizados no início de 2007 foi estimado em 3,69 milhões (praticamente 7% da população de 59,2 milhões), um aumento de 21,6%, ou 700 mil pessoas, em relação ao ano anterior. O número de ilegais é desconhecido; a única referência do relatório é o número de irregulares interceptados: pouco menos de 125 mil.
E de onde eles vêm? Ao contrário das levas migratórias para a França e Alemanha, compostas principalmente por imigrantes do norte da África e da Turquia/Itália, respectivamente, a imigração italiana é uma imigração multinacional, que fala mais de 150 línguas. Dos 3,69 milhões de estrangeiros regulares, cerca da metade é oriunda de outros países europeus, 22% da África, 18% da Ásia e apenas 10% da América. De fato, os países que mais enviaram imigrantes para a Itália até hoje são a Romênia (15,1%), o Marrocos (10,9%) e a Albânia (10,9%). De toda forma, chineses, africanos, sul-americanos e zingari romenos são os que mais chamam a atenção nas ruas, pois são eles os vendedores de rua, os pedintes, os flanelinhas.
Tomados em conjuntos, estes números apontam para um fato notável: a imigração para a Itália é uma das mais intensas em toda a Europa. Apenas a Espanha concorre em número absoluto de entrantes; a título de comparação, a Alemanha absorve apenas 50 mil imigrantes legalizados ao ano. As causas e conseqüências dessa situação fornecem combustível suficiente para abastecer a fogueira sinistra versus destra por horas e horas de debate.
Isso porque, na concepção simplista de grande parte dos italianos, construída com bombardeamento intenso de notícias da MediaSet e afins, os stranieri estão ligados ao crime e à crescente sensação de insegurança. Felizmente, os números do relatório ajudam a entender a situação de modo objetivo. Por um lado, 25% de todas as denúncias criminais são contra estrangeiros, que representam cerca de 33% da população carcerária. Os estrangeiros, de fato, são protagonistas principais de determinados tipos de crime, como prostituição, exploração da prostituição, extorsão, contrabando e receptação. É a chamada micro-criminalità, um conjunto de pequenos crimes que, se não tão sérios do ponto de vista de violência como assassinatos, seqüestros ou assaltos à mão armada, são pervasivos e extremamente visíveis. Por outro lado, quando considerados apenas estrangeiros regulares, a taxa de denúncias criminais cai a 6%, perfeitamente adequada à participação dos regulares na população total. Mas isso não faz notícia, não encontra eco na insatisfação da população. Infelizmente, o preconceito se baseia em simplificações e generalizações.
Mas, se não para roubar ou matar, o que esses estrangeiros vêm fazer na Itália? Trabalhar, aparantemente. De fato, mais da metade declara o trabalho como motivo da estadia (56,6%), enquanto 35,6% vem por motivos de família e apenas 2,9% para estudar. Residem nas zonas mais desenvolvidas da Itália, onde é mais fácil encontrar emprego: 36% no Norte, 27,% no Nordeste e 25% no Centro; no Sul e nas Ilhas são apenas 13%. E contribuem com 6% do PIB, pagando €1,87 bilhão de impostos anualmente. Ou seja, trabalham mesmo: sua taxa de ocupação é de 74%, 12 pontos percentuais superior àquela dos italianos. Muitas vezes, trabalham em ocupações simples, que os italianos não querem mais, como badante, muratore, trabalhador rural e pequeno vendedor. São empregos que pagam pouco, mas pagam mais do que nos países de origem. Mas constituem, sobretudo, uma força motriz de suma importância para a Itália, que até pouco tempo avançava a passos largos para a decrepitude com seus baixos índices de natalidade e sua população envelhecida. E isso, quem diz, é o próprio Presidente da República, Giorgio Napolitano: "L'Italia senza immigrati si blocca".
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
San Gaudenzio em noite pré-Halloween
Ou, de modo mais prosaico, pode ser uma combinação de névoa, umidade e casualidade de cores e luzes. O fato é que a cúpula de San Gaudenzio, vista da janela aqui de casa, estava particularmente bizarra nesta noite de terça-feira.
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Apenas 3 horas
sábado, 27 de outubro de 2007
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
A Feira e os livros na Itália
Aqui na Itália, me parece que os livros estão mais integrados à vida cotidiana das pessoas. Com certeza, se lê mais. Não sei se tem a ver apenas com o fato do poder aquisitivo ser maior. Me parece que os livros e a leitura são mais respeitados. Enquanto no Brasil se faz pouco caso de fotocopiar um livro, aqui se paga - e caro - para remunerar a propriedade intelectual. Até mesmo escrever e publicar um livro parece ser mais acessível, dada a quantidade de pequenas casas editoriais e tipografias. Na mídia isso também aparece: novas obras literárias são discutidas em programas de TV e comentadas nos telejornais (o mesmo para peças de teatro, shows de música, lançamentos de filmes e outras iniciativas culturais). É, definitivamente, outra concepção da importância da cultura na sociedade.
Espero que iniciativas como a Feira do Livro de Porto Alegre nos ajudem a chegar neste nível.
terça-feira, 23 de outubro de 2007
Blog do FMI
domingo, 21 de outubro de 2007
F1 rossa em 2007
Foi emocionante, ao final da corrida, ouvir o hino italiano, assistir a comemoração e sentir o orgulho nacional tricolor. A Ferrari é, de fato, uma expressão do sucesso italiano em mais alto nível. Parabéns aos tifosi ferraristi!
sexta-feira, 19 de outubro de 2007
Esperança de padronização nos mundos virtuais
De fato, recentemente a Linden Labs e a IBM anunciaram um projeto de parceria para, a longo prazo, criar algum tipo de padrão para os mundos virtuais. A idéia é permitir que um mesmo avatar possa deslocar-se livremente por uma série de mundos virtuais de diferentes operadores. Assim, se elimina uma das principais barreiras de entrada, ou seja, saber que serão perdidas ao menos algumas horas na criação da representação virtual em cada novo mundo que se deseja visitar.
É claro que todos os esforços de padronização no mundo da tecnologia são complicados. As disputas entre código proprietário vs aberto, Fireware vs USB ou HD-DVD vs Blu-ray são exemplos claro disso. Mas o fato de que duas grandes do mercado de mundos virtuais terem manifestado boa vontade nesse sentido desperta esperança.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Resultado das primárias do PD
É esperar para ver.
domingo, 14 de outubro de 2007
As primárias do PD
Para o cargo de segretario, cinco concorrem: Walter Veltroni (DS), prefeito de Roma; Rosy Bindi (DS), ministra per la Famiglia; Enrico Letta (DL); Mario Adinolfi e Piergiorgio Gawronski. Veltroni é favorito por larga margem, seguido bem de longe pela ministra Bindi.
Mas o poder no novo partido de centro-esquerda não será centralizado. Segundo a proposta democrática, os 2500 consitutintes terão papel fundamental nas decisões partidárias. Não se sabe bem ao certo qual será a representatividade dos diversos partidos que se fundem no PD e, por isso, corre-se o risco de recair no mesmo problema da maioria que o governo construiu: um pluralismo de esquerda conflitante que, por falta de consenso ideológico, emperra decisões importantes. Resta saber se a figura carismática de Veltroni conseguirá congregar as diversas correntes em torno de um programa unificado. É o que cerca de metade dos italianos esperam.
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
La Môme
Sem saber do fato, Daniela e eu assistimos ao filme La Môme, recente cinebiografia sobre a famosa cantora francesa, intérprete de canções como La Vie en Rose e Hymne à l'amour. A história é tão dramática e intensa que nos faz duvidar que não se trate de ficção.
Depois de uma vida de amores e tragédias, sucessos e desastres, conquistas e doenças, a mensagem de um de seus maiores - e últimos - sucessos, Non, je ne regrette rien, é emocionante:
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal
Tout ça m'est bien égal
Elogios especiais para a intérprete de Piaf no filme, uma atriz de nome Marion Cotillard. Simplesmente excepcional. Ela reviveu La Môme com uma fidelidade surpreendente. Menos, claro, na voz, porque seria impossível; o filme usa gravações originais.
domingo, 7 de outubro de 2007
A Televisão na Itália
Contudo, o nível geral ainda é baixo. A programação vespertina é detestável: programas de fofoca superficiais, debates sensacionalistas (ainda que mais articulados que os análogos brasileiros) e programas de jogos que se estendem até o início do horário nobre. A propósito: como os italianos gostam de jogos! Os telejornais, por sua vez, pingam sangue de tanta cronaca nera que relatam, e muitos debates degeneram numa discussão aos gritos em que todos falam ao mesmo tempo e ninguém se entende, bem ao estilo italiano de ser.
Um programa em especial se destaca, na minha opinião. É o Blob, transmitido "por volta das oito da noite" na RAI 3. Segundo a Wikipedia, foi ao ar pela primeira vez em 1989, criado pelos críticos de cinema Enrico Ghezzi e Marco Giusti. É um formato diferente, uma colagem de trechos de programas e comerciais de todos os canais montados de forma a passar uma mensagem geralmente crítica. Mas a mensagem nunca é explícita: trata-se de um programa inteligente, que mescla sátira sutil com reflexão. Vale a pena acompanhar.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Aniversários
O primeiro é a comemoração dos 50 anos da Era Espacial, iniciada com a colocação em órbita pelos soviéticos do primeiro satélite artificial, o Sputnik.
O segundo, para mim mais importante, é um outro aniversário. Parabéns, pai. Que a festa seja muito boa, e que os tempos felizes se prolonguem bastante!
sábado, 29 de setembro de 2007
Grillo e a anti-política na Itália
Para piorar, Berlusconi e a direita, sentindo a debilidade da posição governista, vem aumentando o tom dos ataques e, com isso, angrariando simpatia da população descontente. As últimas pesquisas de opinião apontam mais de 50% de apoio para o centro-direita. A cada votação importante no parlamento, Prodi corre o risco de ver sua maioria desmontar-se e, com isso, causar a queda do governo.
A grande esperança da centro-esquerda é o novo Partido Democrático. Em processo de criação, a partir do próximo 14 de Outubro o PD congregará os Democratici di Sinistra (DS, herdeiros do Partido Comunista Italiano) de D'Alema, Fassino e Veltroni, e os democristãos da La Margherita, de Rutelli, bem como diversos outros partidos reformistas menos representativos. Ficam de fora os radicais da Rifondazione Comunista, de Bertinotti, os comunistas do PdCI (herdeiros de Gramsci e Berlinguer) os ambientalistas Verdi. O Secretário Geral do PD, a ser escolhido em eleições primárias marcadas para 14 de Outubro, deverá ser o atual prefeito de Roma, Walter Veltroni.
Do outro lado, Berlusconi e sua máquina de mídia lideram a oposição. O homem mais rico do país - dono do Milan e do conglomerado Mediaset, entre outros investimentos - conduz a Forza Italia, o partido eixo da coalizão de centro-direita Casa delle Libertà. Sem precisar enfrentar nem atritos com seus próprios radicais (como os autonomistas e tradicionalistas conservadores da Liga Nord, de Bossi) nem as dificuldades de mediar um governo de coalizão, a direita vem crescendo junto à opinião pública. Mesmo as idéias mais conservadoras e reacionárias, como aquelas dos herdeiros da destra post-facista da Alianza Nazionale, de Gianfranco Fini e La Russa, encontram eco na classe média italiana, preocupada com a crescente criminalidade associada, pelas redes de televisão e jornais de Berlusconi, aos imigrantes extra-comunitários.
Tudo isso, porém, é relativamente normal em um processo democrático. Mesmo em um processo democrático confuso e particular como o italiano. O que o país está assistindo hoje, porém, é algo novo. Chama-se anti-política, e tem como seu principal divulgador Beppe Grillo. Através de seu blog (um dos mais lidos no mundo), o cômico exilado da TV conclama as massas contra tudo o que os políticos - A Casta - representa. Sua audiência é, basicamente, jovem (todos abaixo de 40 são jovens, na Itália) e muito, mas muito expressiva. Atira para todos os lados, não poupa ninguém. Ficou famosa uma de suas battute sobre uma visita à China do então Presidente do Conselho, o socialista Bettino Craxi:
La cena in Cina... c'erano tutti i socialisti, con la delegazione, mangiavano... A un certo punto Martelli ha fatto una delle figure più terribili... Ha chiamato Craxi e ha detto: "Ma senti un po', qua ce n'è un miliardo e son tutti socialisti?". E Craxi ha detto: "Sì, perché?". "Ma allora se son tutti socialisti, a chi rubano?".
(monologo durante la settima puntata di Fantastico 7, 15 novembre 1986)
Desde os anos 90, Grillo não aparece mais na TV. Milita sua democrazia diretta em praças e na web. Se lança em campanhas das mais variadas, como a Via dall'Iraq, pressionando para a retirada das tropas do conflito iraquiano, ou o Parlamento pulito, uma proposta para impedir o acesso ao parlamento de quem tenha sido condenado de forma definitiva. Sua ideologia se baseia na vocalização dos anseios e reclames da massa, segundo ele cada vez mais distante do processo político. É a anti-política.
No último dia 8 de Setembro, o Vaffanculo-Day, o povo saiu às praças em 180 cidades italianas para apoiar a proposta de limpeza do Parlamento elaborada por Grillo e seus colaboradores. Seus discursos fortes, que por vezes se tornam até mesmo ofensivos, repercutem desde então (o vídeo integral da apresentação de Grillo em Bologna pode ser visto aqui). E é justamente esta última iniciativa da anti-política de Grillo tem lhe concedido significativo espaço nas redes de televisão e movimentado discussões por todo o país.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Clash of the Titans e os filmes do início dos anos 80
Tirando algumas coisas inexplicáveis, como o fato do monstro que ameaça Andrômeda ser um Kraken que parece ter saído de um episódio de Spectroman (!!!) ou a corujinha mecânica que Atena envia para ajudar o herói (me pareceu que os produtores quiseram empurrar um comic relief inspirado no R2D2), o filme é razoável. Definitivamente, não são atuações dignas de Oscar, alguns efeitos especiais são toscos mesmo para os padrões de 1981 e determinadas cenas se arrastam a ponto de dar sono, mas... é divertido, de certa forma.
O mais curioso é que eu lembrava, vagamente, de ter visto esse filme em algum momento da década de 80, possivelmente por volta de 1986, 1987, em alguma Sessão da Tarde durante o Verão. E, de acordo com minha lembrança, o filme era muito melhor do que esse que eu vi recentemente. Esse fenômeno, penso, é comum: tudo o que é relacionado com a infância parece ser mais especial em nossa memória do que quando olhamos com os olhos mais críticos de adultos.
Ver esse filme também me fez perceber o quanto algumas obras cinematográficas do início da década de 80 me marcaram. Acho que foi porque foram os primeiros filmes que assisti tendo capacidade cognitiva para entender o que estava acontecendo. Filmes como Krull (1983), Gremlins (1984), Ghost Busters (1984) e, mais tarde, Ladyhawke (1985), The Goonies (1985) e Enemy Mine (1985), entre outros tantos, ainda hoje me trazem recordações carinhosas de um tempo em que eu não era tão crítico (ou chato, como queiram), e que os filmes me divertiam mais facilmente. Alguns continuam bons, resistem à prova do tempo. Outros, é melhor nem assistir de novo.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
La Nuova Strada
LA NUOVA STRADA
" DAMMI LA MANO
ANDIAM,ANDIAMO!
" PER QUALE STRADA ?
" LA NUOVA...DAI.....
MA NON LO SAI ?
L´ALTRA ÈSPEZZATA,
DIREI..BLOCCATA
" LUNGO È IL CAMMINO.....
" PER IL SENTIERO È PIÙ VICINO !
" LA NOTTE È SCURA......
" NIENTE PAURA....
CHE C´È LA LUNA !
" NON È ROTONDA..
" ANDIAM SULL´ONDA
CI SON LE STELLE....
GUARDA CHE BELLE !
CI SIAMO NOI
E SE TU VUOI
PUOI DARMI UN BACIO
ED UN ABBRACCIO !
" MA VIRTUALE....
" SÌ, NON FA MALE !
STRINGIMI FORTE..
SEI MIA, CHE SORTE !
SU EM ES ENNE
NON È PERENNE,
NESSUN CI TROVA
PURE SE PROVA.
SIAMO FELICI !
" TU PURE..DICI ?
" CERTO, TESORO !
DIMAN TI TROVO ?
" SU SKYPE SARÒ....
" TI ASPETTERÒ !
NANA
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
Dia do Gaúcho!
Aqui na Itália, bem longe de Porto Alegre, lembramos do feriado mas, vergonhosamente, não tomamos nem um chimarrãozinho pra comemorar! Aliás, que coisa esquisita isso de comemorar. Como disse meu pai, "perdemos a guerra e fazemos toda essa festa; imagina se tivessemos ganho!". Coisa de gaúcho.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
La Pioggia (Filastrocca ecologica)
LA PIOGGIA (Filastrocca ecologica)
La pioggia cade e vuol parlare,
dir tante cose: devi ascoltare!
Ti chiede scusa pei molti danni
senza aver colpa dei tuoi malanni.
Se le casette fatte di niente
lei butta giù lasciando gente
senza capanna, tetti bucati
mille bambini sporchi affamati,
se delle strade ne fa ruscelli
che portan via i poverelli
e qual formiche muoion sovente,
colpa non ha, tienilo ammente!
(noi sì l'abbiamo)
Noi che scambiamo verdi foreste
per il denaro, pure se peste
regaleremo all'umil gente
e non un tetto quasi decente..
Se terra arida, gente assetata
nella miseria mal sopportata
lascia, perché non cade là
e le sementi piantate già
con tanto amore dal contadino
non diverranno pane nè vino
triste si sente, anche perché
imploran gli alberi: "Vogliamo te!"
Dobbiamo noi che siamo gente
e se vogliamo, intelligente,
cambiar le cose: utilizzare
tanta saggezza e far tornare
la pioggia buona che dalla serra
dolce vien giù e non sotterra
le catapecchie sì malandate
ma sol ristora l'erbe assetate.
Sennò... addio mirabil mondo,
neppur potrai restar rotondo!
Nana
terça-feira, 18 de setembro de 2007
E lá vem o iPhone
O preço deve ficar em €399. Valor extremamente alto para os padrões europeus, mercados nos quais é comum a prática de fornecer o aparelho sem custo para o cliente quando este contrata um plano de longo prazo. Notícia do Guardian divulgada pela Reuters dá conta que a operadora O2, que deve ter a exclusividade do iPhone na Inglaterra, consentiu em repassar 40% da receita com os clientes que contratarem os planos associados ao telefone da Apple. É um valor absurdo.
Nessas horas, me pergunto sobre o impacto global do iPhone no mercado de celulares. Mercado que, por sinal, venho aprendendo a entender mais a fundo por questões profissionais. Recentemente, a Apple anunciou que atingiu a marca de 1 milhão de aparelhos vendidos nos EUA, através da AT&T. Belo número, ainda mais levando-se em conta que as projeções otimistas da companhia indicavam que esta marca seria atingida apenas no final de Setembro. Um grande impacto, então? Bom, talvez não, quando pensamos que a Nokia vende cerca de 1 milhão de aparelhos em... um dia.
Claro, o iPhone não é apenas um telefone. Ele representa um conceito, uma idéia. É uma marca, um símbolo de sofisticação tecnológica. Alavanca vendas cruzadas de outros produtos Apple, como fez - e ainda faz - o iPod. Mais do que isso, promove desejo de mudança nos consumidores, que passam a dispensar mais atenção à idéia de trocar de aparelho. E, talvez o mais importante, impulsiona os demais fabricantes a repensar seus conceitos, lançando novos aparelhos com características similares. Difundem-se inovações, como a tela sensível ao toque, e ganhos de eficiência em atributos já antigos, mas renovados no iPhone, como a integração da música digital no celular e o design fino e atraente. Em poucas palavras, estimula-se a competição. Quem ganha, no fundo, é o consumidor.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Grêmio 1 x 0 Internacional
Como é bom ganhar Grenal!
domingo, 16 de setembro de 2007
Back from Bressanone
Mas, claro, a semana não se resumiu a isso. Os restaurantes da região são fantásticos. Experimentei diversas especialidades da culinária do Tirol Meridional, uma região curiosa que mistura influência austríaca e italiana. Os cartazes informativos, por exemplo, eram todos bilíngues. Até a programação da RAI prevê telejornais locais em alemão. E a convivência social com os amigos foi inestimável. Voltaremos a Bressanone, sem dúvida. Talvez ainda este ano, próximo do Natal, para curtir a vida contadina nos Alpes nevados.
De volta, o reencontro alegre com Daniela, que aproveitou as "férias" para conhecer Firenze. As minhas (infelizmente poucas) fotos serão publicadas no álbum Picasa, como sempre. Mas Daniela levou a câmera e tem vários registros de Firenze.
sábado, 8 de setembro de 2007
Il Mondo Piange Pavarotti
Funeral digno de um dos maiores artistas do nosso tempo, uma voz única que determinou os padrões para a ópera e, em maior escala, para a música do século XX. Mais do que isso, Big Luciano foi um verdadeiro homem-show. Saiu dos teatros e casas de ópera e foi para a televisão com projetos como "Os Três Tenores" ou parecerias com músicos pop como Elton John, Sting e Bono. Assim, levou sua poderosa voz e sua inconfundível figura carismática para milhões de pessoas. Por exemplo, este vídeo mostra uma de suas últimas apresentações, interpretando Nessun Dorma em Torino, por ocasião das Olimpíadas de Inverno de 2006. Recebeu uma merecida ovação de 10 minutos.
Pavarotti deixa um vazio proporcional a sua grandeza. Faço minhas as palavras de um usuário que comentou o vídeo: Addio Maestro. Dio vuole che canti soltanto per Lui adesso. Riposa In Pace.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Oito Dias em Praga
Foi assim que relembrei nossa epopéia do primeiro dia. Logo que chegamos e nos assentamos no hotel - aliás, um quarto na Casa do Estudante da Universidade local que, durante o verão, é alugado para turistas -, saímos a caça do hotel onde estariam nos esperando o Kappel e a Simone. Sabe como é, ainda que recém-chegados, achávamos que seria barbada se orientar por Praga. O fato de que os mapas que tínhamos não chegavam a mostrar a rua onde ficava o hotel deles quase não preocupava. Afinal, eu tinha "praticamente memorizado" o trajeto do Google Maps.
Quanta pretensão!
Caminhamos por uns 30 minutos até que começou a escurecer. E, para piorar, céu fechado, com relâmpagos e tudo. Estávamos chegando ao limite do mapinha. Cheguei a sugerir que voltassemos. Mas a vontade de rever os amigos era maior. Ou talvez nossa inconseqüência falou mais alto, sei lá. O fato é que constinuamos. E a sorte nos ajudou. Encontramos uma parada de tram e, do que deu pra decifrar do cartaz informativo em tcheco, decidimos que a linha 15 deveria passar pelo menos perto do hotel. Entramos no tram bem quando as primeiras gotas, gordas gotas, começaram a cair. Daniela ficou atenta ao nome da rua e, assim que viu a plaquinha, descemos. Não poderia ter sido melhor: exatamente em frente ao hotel! Foi uma noite muito agradável, uma janta excelente na melhor companhia possível. Eles nos contaram como tinha sido até então a excursão, e nós contamos como está sendo a vida na Itália. Ficamos juntos até próximo da meia-noite, matando a saudade. E ganhamos a promessa de uma visita em Novara, assim que possível. Promessa que eu pretendo cobrar, viu Kappel?
Na segunda-feira, segundo dia de viagem, exploramos alguns pontos turísticos bastante óbvios: de manhã atravessamos a histórica ponte Karluv e, de tarde, conhecemos a famosa Staromestské námestí (Praça da Cidade Velha), onde fica o relógio astronômico que encantou Daniela. Na terça-feira, com alguma chuva, refizemos o passeio pela Staromestské námestí e pela ponte Karluv, mas nosso objetivo era alcançar a Malá Strana (Cidade Pequena), em direção ao Castelo. Enlouquecemos com um sebo, apesar da grande maiora dos livros ser em tcheco. Aliás, Praga é uma cidade que possui muitos antiquários. A maioria negocia móveis e badulaques para a casa, mas alguns vendem arte e livros. Entramos no Castelo pela saída (!), visitamos um Museu de Brinquedos onde havia uma curiosa exposição histórica da Barbie (que nos rendeu dezenas de fotos, diga-se de passagem), a imponente catedral gótica de São Vito e acompanhamos a troca da guarda no portão do Castelo. De noite, ainda tentamos achar uma cervejaria (pivovar) com preços módicos perto da Staromestské, mas o único bar que encontramos estava fechando quando chegamos!
O pessoal do LOPP deveria chegar na quarta-feira. Por isso, programamos um passeio para a manhã e planejamos procura-los no final da tarde. Fomos ao monastério Strahov, próximo ao Castelo, sede de uma incrível biblioteca com mais de 200.000 volumes. A Sala Teológica, uma das duas salas principais (a outra é a Sala Filosófica), é conhecida por ter sido cenário de uma cena do filme A Liga Extraordinária. Enorme (32x22x14 metros), abriga mais de 42.000 volumes. A passagem que une as salas é uma espécie de protótipo de museu. Nela se pode ver os Armários de Curiosidades (Wunderkammer), repletos de animais empalhados, armas e armaduras, instrumentos científicos históricos, mapas e coleções de peças arqueológicas, insetos, minerais e vegetais. Em seguida, conhecemos as salas históricas do monastério propriamente dito, e visitamos também a galeria de arte no segundo andar. À tarde, a Istefani entrou em contato conosco no hotel, e fomos ao encontro delas. Ela, Márcia e Carla haviam acabado de chegar, e mal haviam se instalado no apartamento quando chegamos. Foi um reencontro muito legal, emocionante. Como mencionei em outro post, aguçou bastante nossa saudade do Brasil.
Na quinta-feira, nos desencontramos das meninas. Como não recebemos recado, fomos ao museu de Alfons Mucha. Outra excelente visita cultural, na qual ficamos conhecendo muito da vida do precursor da art nouveau. Passeamos longamente pela Cidade Velha, vimos a Prasná brána (Torre da Pólvora) e a Obecní Dum (Casa Municipal), passeamos no Josefov, o bairro judeu, e retornamos ao hotel a tempo de descobrir que a Istefi estava desesperadamente tentando entrar em contato consosco. Nos encontramos à noite, quando a Ângela já havia chegado, e jantamos num KFC.
Na sexta-feira, levamos elas ao Castelo. Desta vez, entramos pela entrada e visitamos os Jardins Reais. Assistimos à fanfarra das 12:00h no portão, nos demoramos bastante no interno do Castelo enquanto esperávamos o Flávio, visitamos novamente a Catedral e, desta vez, nos aventuramos também nos museus e nas diversas ruelas internas do complexo. Mas nada do Fogliatto. A noite foi divertida também, passeamos pelas lojas da Cidade Velha. Melhor dizendo, paramos em cada uma das centenas de lojinhas da Cidade Velha...
Sábado de manhã fomos ao hotel do Flávio. Só assim para encontrá-lo. O dia foi de compras e passeio pelo comércio, basicamente. Foi uma farra de compras que se concluiu muito prazeirosamente com uma janta em um restaurante típico frequentado basicamente por locais, em um bairro residencial de Praga - totalmente fora do alcance de turistas como nós. Muita comida, pivo escura e preços extremamente convidativos!
Domingo, o penúltimo dia, foi dedicado a um piquenique no parque do castelo Vyšehrad, recomendado tanto pelo Flávio quanto por uma gentil garçonete tcheca (aliás, tchecos gentis são, absolutamente, exceção!). Linda vista da cidade de um ângulo diferente, poucos turistas e um tempo excelente fizeram desse um dos melhores passeios da viagem. Márcia e Carla foram embora ainda no domingo, mas aproveitamos o dia até o finalzinho comprando livros, tomando pivo à margem do Vlatva e passeando pelas ruazinhas pitorescas de Praga. Nos reencontraríamos com Ângela e Istefi na segunda-feira, no aeroporto. Providencialmente, o vôo que elas pegariam no início da tarde estava overbooked e elas acabaram embarcando bem próximo do horário da nossa viagem de retorno. Na inestimável companhia delas, ajudamos a consumir parte da indenização paga pela companhia aérea pelo atraso com mais comida típica, pivo e doces deliciosos!
Em poucas palavras, uma viagem inesquecível a uma cidade mágica, repleta de história e cultura, em companhia de amigos maravilhosos aos quais só temos que agradecer a oportunidade!
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Veneza no centro do mundo do cinema
Mas há muito mais na mostra do que os prêmios. O festival é assunto obrigatório em todos os telejornais, seja com reportagens de fofoca sobre os grandes astros que desfilam nos canais da Sereníssima, seja com análises interessantes e bem embasadas sobre os filmes que desfilam nas telas. A lista de atores e diretores globais em Veneza é extensa: Michael Cane e Jude Law divulgando o remake de Sleuth (1972), a piratesca Keira Knightley, Angelina Jolie e Brad Pitt com os filhos, Richard Gere, Woody Allen, George Clooney (quase em casa na Itália e, ainda por cima, polêmico como os italianos!), Bill Murray e Brian DePalma são apenas alguns dos nomes que vi nas manchetes recentemente. Dos filmes, nenhum me chamou muito a atenção. O mais esperado, na minha opinião, é uma nova versão de Blade Runner, de Ridley Scott, 25 anos após o primeiro lançamento. O título é pomposo e, talvez, indique o caráter definitivo dessa que é a quinta versão da obra: Blade Runner: The Final Cut.
Daniela e eu, da nossa parte, entramos na onda cinematográfica. Nos últimos dias, assistimos a vários filmes que estavam na nossa lista há tempos. Os melhores, sem dúvida, Blood Diamond, com um DiCaprio definitivamente mais intenso do que o habitual, e Notes On a Scandal, filme pelo qual Judi Dench e Cate Blanchett foram merecidamente indicadas ao Oscar deste ano.
Entre os razoáveis, a animação Open Season, o surpreendente The Da Vinci Code (apesar da constante enxurrada de informações e explicações sobre teorias conspiratórias a que somos submetidos ao assistir o filme, foi melhor do que eu esperava) e o quase-obscuro Amazing Grace, tocante filme biográfico sobre o político anti-escravista britânico William Wilberforce (interpretado por Ioan Gruffudd, mais conhecido pelo papel de Reed Richards em Quarteto Fantástico). O prêmio Viagem Inexplicável aos Confins do Inescrutável, sem dúvida, foi para Klimt. Pretensioso e confuso, pra dizer o mínimo. Não sei porque John Malkovich se presta a esse tipo de coisa.
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Divulgação: I Jornada em Defesa do Pensamento Científico
Abaixo mais detalhes e a programação:
-----------------
Data: 18 de setembro de 2007 (terça-feira)
Local: IGc/USP - R. do Lago, 562 - Cid. Universitária - Butantã - São
Paulo - SP
Programação:
09h10 a 09h30: Abertura Prof. Drs. Arlei Benedito Macedo (USP) e Renato Sabbatini (Unicamp).
09h40 a 10h20: Analfabetismo científico, Prof. Dr. Renato Sabbatini (Unicamp).
10h20 a 10h40: Café.
10h40 a 11h20: Criacionismo, Prof. Dr. Mário de Pinna (USP).
11h30 a 12h10: Como vender o pensamento não-científico, Prof. Dr. Francisco Stefano Wechsler (UNESP).
12h10 a 14h00: Almoço.
14h00 a 14h40: Sensacionalismo e Jornalismo Científico, - Ulisses Capozzoli - Astronomy Brasil).
14h50 a 15h30: Pensamento Crítico - Panorama da América Latina - Sr. Alejandro J. Borgo (Pensar - CFI/Argentina).
15h30 a 15h50: Café.
15h50 a 16h30: A defesa do pensamento científico nas universidades e centros de pesquisa (mesa-redonda).
16h40 a 17h10: Resultados preliminares da pesquisa sobre Pseudociências (alunos do LIGEA).
19h00 a 19h40: Ilusões e equívocos do pensamento humano, - Dr. Sérgio Navega - (Intelliwise Research and Training).
19h40 a 20h00: Sumário e encerramento, - Prof. Dr. Francisco Stefano Wechsler - UNESP).
Taxa de inscrição: R$ 60,00
Mais informações: palestrasreflexoes2007@gmail.com
sábado, 1 de setembro de 2007
Computadores: iPods e iPhones fazem bem à Apple
O índice de vendas recentes de laptops da Apple chegou no seu ponto mais alto nos últimos três meses: de 12% em Junho para 17% em Julho (os computadores de mesa flutuam em 7-8%). Quando perguntados sobre a marca do computador que planejam adquirir, 28% dos futuros compradores de laptops indicaram a empresa de Steve Jobs. O mesmo índice ficou em 23% para desktops Mac. E o efeito sinérgico da procura por iPhones e iPods pode aumentar esses números ainda mais: espera-se para breve o anúncio de novos modelos de iPod. As ações da companhia subiram 5% com os boatos.
Quem está perdendo espaço é a Dell. Outra reportagem, do The New York Times, indica que a companhia ainda está operando no positivo, mas problemas com tempos de produção e entrega de seus novos notebooks tem causado quedas significativas no market share. Embora a Apple venha subindo a ladeira, quem mais tem se beneficiado dos problemas da empresa de Michael Dell são as grandes como HP e Acer.
Acer que, por sinal, está prestes a ultrapassar a Lenovo e assumir o posto de terceira maior fabricante de computadores do mundo. A empresa anunciou a aquisição da Gateway, em um negócio de US$710 milhões divulgado no último dia 27. Aprovado por ambas as companhias, a compra deve ser finalizada até o final do ano. Em 2006, a Gateway detinha a oitava posição no mercado de computadores global. A notícia é do InfoWorld.
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
The Times They Are A-Changing' - Longa vida a Internet!
Tenho orgulho da Nana. Ela conseguiu fazer a transição da velha para a nova estrada, como já preconizava Bob Dylan em The Times They Are A-Changing'. Maneja o IE, o MSN e o Skype. Até coleciona emoticons...[...]
Come mothers and fathers
Throughout the land
And don't criticize
What you can't understand
Your sons and your daughters
Are beyond your command
Your old road is
Rapidly agin'.
Please get out of the new one
If you can't lend your hand
For the times they are a-changin'
[...]
Viva a Internet, que aproxima as pessoas como nunca foi possível antes na história da humanidade!
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Retorno de Praga
Além disso, a cidade tem uma atmosfera que exala cultura. São inúmeras os teatros e as salas de concerto, e a Karluv most (Ponte Carlo), um dos principais pontos turísticos da cidade, era tomada de artistas plásticos, vendedores de fotografias e músicos de rua. Os preços eram relativamente baixos para o padrão europeu, e não temos nada a reclamar da hospedagem. Pra completar, a comida típica chamou a atenção, especialmente o gulash, e o tempo ajudou o passeio: choveu apenas à noite, e a temperatura era muito agradável, não passando dos 28C ao longo do dia mesmo com sol a pino.
O melhor mesmo, porém, foi reencontrar uma série de amigos de Porto Alegre. Domingo, dia 19, jantamos com o Kappel e a Simone no hotel deles (o qual localizamos, com muita sorte, depois de uma verdadeira odisséia). Durante a semana encontramos também professores do LOPP: Carla, Márcia, Ângela, Istefani e Flávio. Mais do que matar a saudade de Porto Alegre, a semana serviu para provocar saudade! Passeamos bastante juntos por Praga, mas ficamos com uma sensação de proximidade com a terra natal que vai levar um tempo para desfazer.
Tiramos muitas fotos: cerca de 760 só na nossa máquina. Como sempre, serão publicadas - à medida que forem organizadas - no nosso fotolog Picasa. As fotos do primeiro dia de passeios já estão lá.
sábado, 18 de agosto de 2007
Férias!
quarta-feira, 15 de agosto de 2007
Second Home
A reportagem conta como, no mundo de fantasia, os moradores se organizam em comunidades e vizinhanças que imitam a vida real. Nas palavras da jornalista Seth Kugel, os avatares estão "construíndo casas virtuais, plantando jardins, comprando móveis e aparelhos eletrônicos e decorando". Extremamente mundano para quem imagina uma Second Life povoada por seres esquisitos que passam seu tempo voando (alguns até mesmo com asas), dançando em festas intermináveis, fazendo sexo virtual ou jogando em cassinos, mas acontece. Tanto que a Second Life tem até mesmo uma revista de decoração, a Prim Perfect. Algumas ilhas possuem seus próprios códigos e planos diretores que indicam o que pode ou não ser construído na região. É o caso da vizinhança de Jalisco, descrita na reportagem, onde prevalece a temática mexicana. Como resultado, um florescente mercado para designers de edificações virtuais está se estabelecendo.
E convém notar que este não é um trabalho simples. Obviamente, as diretrizes clássicas da Arquitetura e da Engenharia Civil não se aplicam em um mundo virtual em que todos podem voar ou se teleportar. Quartos, banheiros e cozinhas, por exemplo, perdem a utilidade, já que os avatares não dormem, se alimentam ou produzem excrementos. Da mesma forma, escadas são inúteis, embora alguns designers as mantenham para conferir às edificações um senso de realidade. Outros, porém, se adaptam. Casas flutuantes são construídas sem qualquer abertura, acessíveis apenas por quem é convidado. As funções das peças mudam; ganham importância os jardins e os esoaços abertos onde se possa dançar e reunir os amigos. Ganha importância também a decoração, de modo que muitas vezes os objetos decorativos acabam custando mais caro do que a edificação.
Por falar em preços, vale mencionar que os preços variam enormemente. A reportagem ilustra que o aluguel de um lote construído em Jalisco custa cerca de US$25 a US$40 mensais em taxas de manutenção. Os direitos de propriedade do terreno ficam por aproximadamente L$ 55.000, mais ou menos US$200 (a taxa de conversão entre os dólares reais e os virtuais é flutuante; enquanto escrevo, é de um dólar real para cada 186 dólares Linden). Porém, há vizinhanças bem mais em conta, até mesmo por US$2 por semana.
A CNNMoney.com também tocou no mesmo assunto, mostrando a iniciativa da firma de negócios imobiliários Coldwell Banker de construir uma réplica de uma mansão de U$3,1 milhões a venda em Mercer Island, Washington. Segundo analistas da indústria imobiliária, a idéia, uma espécie de evolução das populares visitas guiadas por vídeo, é inovadora e, em pouco tempo, poderá se tornar padrão. A versão digital da propriedade é fiel aos últimos detalhes, como se pode ver na imagem abaixo.
A propósito: Daniela e eu ainda não temos uma morada na Second Life. Por enquanto, podemos ser encontrados nas ruas virtuais de Porto Alegre, próximo do Mercado Público. Eu, particularmente, freqüento bastante o "estádio Olímpico". :-D
terça-feira, 14 de agosto de 2007
Iniciando uma Segunda Vida
Aqui nesse blog, já comentei muito sobre o mundo virtual da Linden Labs. Particularmente, me declarei surpreso e esperançoso com as possibilidades de revolução na maneira de viver a experiência da Internet trazidas por essa inovação, com reflexos na forma como produzimos e compartilhamos informação, organizamos a sociedade e, até mesmo, percebemos a realidade. Porém, apesar de muito teorizar sobre a Second Life, ainda não a tinha experimentado. Uma enxurrada de notícias e reportagens sobre o assunto, nos últimos dias, aguçou ainda mais minha curiosidade. O empurrão final foi da Daniela, no sábado passado.
E assim começou. Instalamos o software e criamos a conta dela. Os primeiros momentos são muito, mas muito complicados. A interface lembra a de jogos multiplayer. Há muitas opções, de modo que mesmo eu, que tenho certa experiência com jogos online, me atrapalhei. Tudo é configurável. O avatar, ou seja, a representação da pessoa no universo virtual, é uma figura humanóide azulada. Sobre ele, devemos aplicar formas corporais, pele, olhos, cabelos e vestimentas. Infinitas opções permitem alterar as escolhas: cor e tonalidade dos olhos e dos cabelos, textura da pele, quantidade de rugas, dimensões e proporções corporais são apenas algumas das escolhas possíveis. Quando se entra no quesito das vestimentas, então, a sensação é um misto de deslumbramento frente ao infinito!
Ao mesmo tempo, havia o desafio de aprender a se movimentar e comunicar nessa nova realidade. Ao movimento habitual, sobre duas pernas, é acrescido de duas opções arraigadas no desejo coletivo da humanidade: vôo e teleporte. Assim, a percepção espacial no mundo virtual passa a, necessariamente, considerar a terceira dimensão. E o sonho de construir um castelo nas nuvens vira realidade.
Depois de compreender um pouco como funciona, instalei também no meu computador e criei meu avatar e passamos a explorar o desconhecido. Logo me dei conta das duas grandes diferenças da Second Life com relação aos tradicionais jogos multiplayer online. Em primeiro lugar, o mundo de SL é totalmente criado pelos usuários. Qualquer um pode elaborar formas e aplicar cores e texturas de modo a produzir objetos variados como paredes, cenários, móveis, roupas ou, simplesmente, qualquer outra coisa. Aqui, de novo, as opções são infinitas, limitadas apenas pelo talento e paciência do interessado. E é justamente essa uma das maneiras de ganhar a vida na segunda vida: criar objetos que interessem aos outros. Cada objeto tem um proprietário, e as propriedades podem ser transferidas de graça ou através de pagamento em Lindens, a moeda virtual. Daí a lojas vendendo camisetas Nike, tênis Adidas, bolsas Gucci ou jeans Dolce & Gabbana é um passo. E opções para ganhar dinheiro também não faltam. Determinados lugares oferecem a prática do camping, em que se paga uma quantia de Lindens por hora para, simplesmente, deixar o avatar parado em alguma posição (enquanto escrevo, meu alter-ego de bits está sentado no estádio do Grêmio, na Porto Alegre virtual, ganhando alguns poucos Lindens).
A segunda diferença marcante entre a SL e os jogos multiplayer online é a ausência de história, enredo ou objetivo. Ao mesmo tempo, há poucas regras e limitações. O resultado, pelo menos para mim, é uma sensação inicial de que não há muito o que fazer em SL. Ledo engano. Estamos online há três dias e ainda não vi praticamente nada do mundo. Com relação à interface, relatei apenas as ferramentas com as quais já experimentei: configuração do avatar, gestão do inventório de objetos, movimentação e comunicação. Mas há muito mais: animações e gestos do avatar são completamente configuráveis, e também é possível programar scripts em objetos de modo a anima-los ou fazer com que respondam a ações dos avatares. E há milhares de outras pessoas lá dentro com quem interagir e milhares de lugares curiosos para conhecer.
Nos próximos dias, mais relatos sobre nossa experiência na SL e comentários sobre as notícias relacionadas que mais me chamaram a atenção recentemente.
domingo, 12 de agosto de 2007
Dia dos Pais à Distância
Beijos, pai!
O Futuro Antiutopista de Philip K. Dick: A Scanner Darkly
A história se passa em um futuro próximo, nos EUA, onde uma nova droga altamente viciante toma conta das ruas: a Substância D. Agentes policiais a paisana investigam o submundo dos narcóticos e, eventualmente, acabam por se misturar a eles. O personagem principal, Bob Arctor, é um desses policiais. Ele faz parte de um núcleo de consumidores de Substância D e tem como missão identificar seus fornecedores. Ao mesmo tempo, deve lidar com a dependência de Substância D, dificuldades amorosas e o trabalho no Departamento de Polícia, onde os policiais infiltrados utilizam vestes especiais para ocultar suas identidades até mesmo dos colegas.
Evidentemente, o que move o enredo é a paranóia. No caso, a paranóia típica de um policial infiltrado vivendo uma segunda vida é catalizada pela paranóia induzida pelas drogas. O resultado é uma sensação de questionamento da realidade, refletida no estilo de imagens único obtido com a aplicação de uma técnica de animação conhecida como rotoscopia interpolada. As animações trazem vida às ilusões e alucinações dos personagens, focalizando o fato de que nada é como parece e nem tudo deve ser considerado real. Enquanto vigia a si mesmo e seus companheiros de drogas, aumenta o desorientamento de Bob, que começa a questionar também sua identidade. Os conflitos internos do personagem são centrais na obra, conforme ilustrado nas visitas que faz aos médicos do Departamento de Polícia que monitoram os efeitos deletérios da dependência de drogas.
Como mencionei antes, o romance de Philip Dick em que Linklater se baseou para escrever o roteiro é semi-autobiográfico. As referências a problemas sociais que ganhavam importância nos anos 60, como consumo de drogas e intrusão do governo na privacidade dos cidadãos, se misturam a problemas pessoais de Dick, que vivia em uma espécie de comunidade com adolescentes usuários de drogas, foi viciado em anfetaminas e tinha sérias dificuldades em seus relacionamentos amorosos. O resultado é um filme interessante e curioso, com excelentes atuações e um tom noir melodramático que reflete muito bem as temáticas de decadência, desorientação, paranóia extrema e, até mesmo, escapismo.
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Uma visão sucinta da revolução Web 2.0
Obviamente, todo tipo de interesse permeia a Web 2.0. Sobretudo o interesse comercial. E esta é uma tendência de, ao menos, médio prazo: projeções da Gartner indicam que serviços e tecnologias relacionadas com a Web 2.0 terão alto impacto nos próximos dez anos. Enfim, o óbvio.
Já comentei anteriormente neste blog sobre o impacto daquele que é provavelmente o mais revolucionário e inovativo conceito da Web 2.0: o mundo virtual. As empresas também apostam nas redes sociais, como o Orkut e, mais populares nos EUA, MySpace e Facebook. Recente reportagem da Reuters ilustra bem esta tendência, ainda que aponte para o fato de que muitas organizações, com medo de perda de produtividade e riscos de segurança, tentem isolar seus empregados deste tipo de socialização.
Porém, mesmo os já tradicionais blogs têm sido considerados ferramentas importantes para organizações de todo tipo ao redor do mundo. No mundo corporativo, a Google lançou em Junho passado um blog específico para tratar de questões de políticas públicas, uma espécie de janela para a companhia divulgar o que pensa do governo e da legislação. A Microsoft também se rendeu aos blogs. Estima-se que entre 3.500 e 4.000 empregados de Redmond sejam blogueiros. O número é fruto do encorajamento proposto pela própria Microsoft, que vê nos blogs uma alternativa para "diminuir o número de decisões estúpidas que tomamos", nas palavras de Michael Platt, diretor de arquitetura de aplicações web da empresa. Outro exemplo muito interessante do uso comercial de blogs foi trazido pela revista on-line Business 2.0 (o próprio título da publicação evidencia a força do conceito de Web 2.0), que em recente reportagem mostrou como uma companhia de vinhos da África do Sul ganhou projeção internacional graças ao marketing blog-a-blog.
Porém, seja qual for a abordagem, é indiscutível que a Web 2.0 impactou a relação humana com o comunicação. A contínua busca por inovação - e lucro - na Internet gerou ferramentas que multiplicam de modo assombroso as mensagens que cada um de nós tem a oferecer. Os efeitos desta revolução da capacidade humana de se comunicar e, por extensão, produzir e compartilhar conhecimento, ainda são desconhecidos. Cabe a nós estudar o que está acontecendo para, se não for possível prever com exatidão o que pode acontecer, pelo menos estarmos preparados para as mudanças.
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
Final de Semana Esportivo Desastroso
Na Fórmula 1, Massa chegou em 13º em uma corrida sem a mínima graça. De interessante apenas a malandragem (alguns diriam sacanagem) de Alonso na qualificação de sábado. Mesmo a spy story McLaren versus Ferrari está insossa. A McLaren foi declarada culpada de espionagem, mas não foi punida.
Era melhor falar de esportes quando estávamos ganhando alguma coisa!
Legislação Energética nos EUA
Aparentemente, os legisladores norte-americanos estão pensando como eu. De acordo com reportagem do The New York Times, no último sábado (4), foi aprovada pela Câmera uma lei exigindo que 15% da eletricidade produzida venha de fontes renováveis de energia, ao mesmo tempo em que aloca fundos para pesquisa voltada para eficiência energética de equipamentos e edificações e novos métodos de captura de carbono. Finalmente, os legisladores dos EUA também negaram cerca de US$ 16 bilhões em incentivos fiscais para a indústria do petróleo. Porém, a lei não faz menção a cortes de emissões de CO2 ou mesmo estabelecimento de padrões mínimos de eficiência energética de automóveis. Estes aspectos já haviam sido abordados por legislação similar aprovada em Junho passado no Senado. Nos próximos meses se reunirá um comitê bicameral que, espera-se, alinhe a legislação energética.
Na opinião da Casa Branca, a recente lei aprovada pela Câmera não atinge os objetivos nacionais de diminuir as importações de petróleo, fortalecer a segurança nacional, diminuir o custo da energia e afrontar a questão do aquecimento global. Segundo a reportagem do The New York Times, embora quase 30 deputados republicanos tenham apoiado o projeto, já foi anunciado que o presidente Bush vetará a lei.
sábado, 4 de agosto de 2007
Elton John e sua proposta para o fim da Internet
Dito assim, sem contextualização, parece não apenas contraditório, mas pura maluquice. Porém, mesmo com toda a contextualização que se possa tentar dar, continua uma maluquice sem tamanho! É tão absurdo que eu chego a pensar porque alguém publicamente conhecido como Elton John (e que dispõe de tanta gente supostamente competente gerenciando sua carreira e imagem) defenderia uma idéia dessas a sério. À primeira vista, trata-se de algo que poderia ser dito apenas por quem não tem a mínima noção da realidade, o que, convenhamos, não parece se adequar a um artista com uma carreira internacional de sucesso de mais de 40 anos na qual vendeu mais de 200 milhões de discos.
Por isso, minha explicação para a aparente sandice é a de que ele quer apenas e tão somente chamar a atenção para a questão do impacto da Internet e das novas tecnologias de comunicação e informação no cenário musical tradicional das gravadoras e artistas globais. Não sei se conseguiu, ou se apenas se transformou em objeto de gozação e risada da semana para a blogosfera, mas prefiro acreditar nisso do que na imbecilidade pura e simples de Elton John.
terça-feira, 31 de julho de 2007
Ainda sobre o vidente das pós-visões
Credulidade sem limites
Esse assunto foi recentemente discutido em uma lista de céticos e racionalistas que frequento. A fraude parece ser uma explicação bem mais realista (porém, menos emocionante) do que premonição extra-sobrenatural. A propósito, meus agradecimentos a Ronaldo Cordeiro e Roberto Takata pelas suas lúcidas análises, nas quais me fundamentei para escrever esse post.
Primeiro, os impressionantes detalhes na carta escrita à mão. Facilmente, ele pode escrever cartas com conteúdos genéricos ou mesmo com grandes espaços em branco, as quais têm a firma reconhecida em cartório. O mesmo pode ser feito com uma cópia autenticada, uma vez que o que autenticar não é o mesmo que validar o conteúdo. Depois do fato acontecido, basta preencher os detalhes. No caso, convém lembrar que a carta datilografada não traz nenhum carimbo de cartório, podendo tranquilamente ter sido escrita após o acidente. Como diz o Ronaldo Cordeiro, "o resultado é grosseiro, mas pelo visto convence algumas pessoas". Muitas, Ronaldo. Infelizmente, muitas pessoas preferem acreditar em premonições do que em farsa e má índole.
Às vezes, Jucelino apresenta cartas de resposta de empresas, pessoas e instituições supostamente "avisadas" por ele dos terríveis acontecimentos previstos. Para isso, basta ele escrever cartas endereçadas a essas instituições com solicitações e pedidos triviais, de modo a poder falsificar a carta de resposta (devidamente assinada por responsáveis da instituição, ou trazendo algum tipo de logomarca ou timbre que indique a "oficialidade" da correspondência). Ronaldo Cordeiro brincou com esse truque, comentando que "além de as 'respostas' costumeiramente virem desalinhadas e com fonte diferente da parte que é mantida da resposta verdadeira, elas vêm escritas no estilo do Jucelino. Quando são em 'inglês', ainda rendem umas boas risadas."
Em suma, trata-se uma farsa tosca e absurda. E o pior é o mau caratismo desse picareta, querendo aparecer às custas do sofrimento das centenas de famílias atingidas pela tragédia. Vale lembrar que esse é o mesmo aproveitador que "previu" os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA e de 11 de março de 2004 na Espanha, bem como "localizou" Saddam Hussein para o governo dos EUA (mas nao levou a recompensa). Ele também teria tido premonições sobre os acidentes com o avião da GOL e das obras do metrô de São Paulo, em 2006.
Me entristece muito ver que esse tipo de charlatão tem a repercussão que tem no Brasil. Um povo mais esclarecido certamente não aceitaria esse tipo de coisa. Bem, um povo mais esclarecido não aceitaria muitas outras coisas. A começar pelos políticos que os representam.
domingo, 29 de julho de 2007
Leituras de Verão
Por isso, resolvi começar uma série que comprei há algum tempo, ainda no Brasil. Trata-se de Worldwar, de Harry Turtledove, composta por quatro livros: In The Balance, Tilting The Balance, Upsetting The Balance e Striking The Balance. Uma premissa promissora para quem gosta de história alternativa e Segunda Guerra Mundial: em 1942, as potências em conflito precisam lidar com uma invasão aliengígena!
Afinal, os neurônios também precisam descansar.
A propósito, Turtledove é um dos mais prolíficos autores do gênero de histórias alternativas.
sexta-feira, 27 de julho de 2007
A Itália também tem praia
O mar é excelente, de temperatura agradável. Curioso é que a bem poucos passos da margem o chão rochoso se inclina bastante, provocando a arrebentação. Porém, a água não é agitada, não há repuxo, correnteza ou buracos. O chão é feito de seixos e pequenas pedrinhas, que machucam bastante os pés. E os frequentadores da praia eram, pelo menos no dia em que estivemos lá, na maioria famílias. Notamos muitas nonnas com os netos. Enfim, um ambiente ótimo para curtir o verão italiano.
As fotos, claro, no nosso álbum.