terça-feira, 3 de junho de 2008

Imigração clandestina na Itália

Enquanto escrevo, escuto um debate no excelente programa Ballarò (como sempre, na RAI3). Se debate, evidentemente, sobre imigração. Em especial, modos para conter a imigração. Um desenho de lei sobre segurança foi encaminhado ao parlamento hoje por parte do novo Ministro dell'Interno, um leguista. O foco, claro, são os imigrantes, associados, na percepção geral, à insegurança.

Em um ponto todos parecem concordar, independentemente das suas convicções ideológicas: o imigrante que comete um crime deve ser punido. Bom, pra isso nem precisava debater, eu acho.

A partir daí, tudo fica complicado. Os leguistas são conhecidos por pregar, há mais de uma década, que a Itália deve ser dos italianos. Mais do que isso, eles defendem um territorialismo quase separatista ao Norte, venerando a antiga - quase mítica - Padania. Vale lembrar que a Lega Nord, apesar dos excessos, foi o partido que mais cresceu nas últimas eleições, contrariando expectativas e prognósticos de todos os analistas políticos. É, hoje, o fator decisivo na maggioranza de Berlusconi. E, por isso, foi bem recompensada, com 4 ministérios.

Por falar em Berlusconi, nem ele se entende com o seu governo sobre o tal projeto de lei. Segundo Roberto Maroni, o Ministro dell'Interno, a imigração ilegal deve ser um crime - e punida como tal. E foi isso o que acabou no projeto de lei que o Conselho dos Ministros aprovou recentemente para avaliação dos deputados e senadores.

Aparentemente. Berlusconi, porém, declarou hoje que não deve ser bem assim. Na opinião pessoal dele, imigração ilegal deve ser não um crime, mas um agravante.

Porque esse passo atrás do psiconano*? Bem, talvez porque a ONU não gostou muito da abordagem italiana. Nem a Anistia Internacional. Nem o Vaticano. Nem o presidente Georgio Napoletano (lembrando que, na Itália, o Presidente é uma figura decorativa para
cerimônias oficiais, mais ou menos como a Rainha da Inglaterra... mas aqui eles de fato escutam - e respeitam - o que a mobília tem a dizer). E muito menos a oposição, tanto de centro quanto de esquerda.

Ou seja, parece que ele não quer gerar muita agitação interna. Mais, parece que Berlusca vai tentar, nesse terceiro (ou quarto?) governo, ser mais "democrático". E aceitar a posição da esquerda nessa questão, afinal de contas, não é tão impopular, certo? É um gênio político, esse Berlusconi!

Resta saber se Bossi e seus leguistas pensam da mesma maneira...

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