domingo, 7 de outubro de 2007

A Televisão na Itália

A televisão aberta italiana deixa muito a desejar, mas ainda é melhor que a brasileira. Aqui há uma bipolarização bem clara. De um lado, a televisão estatal RAI, com três canais. Do outro lado, a Midiaset, de Berlusconi, com outros três canais. A La Sete corre por fora, mas é ainda insignificante se comparada com os outros seis canais. Porém, todos compartilham a banalização e a comercialização típica da televisão aberta em todo o mundo. Os ditos reality shows são, há alguns anos, os programas mais populares. Mas, em comparação com a TV brasileira, ainda há muita programação cultural, telejornalismo (cada canal da RAI oferece três edições diárias; os TG da Mediaset são descaradamente parciais) e debates. Aliás, disputando o segundo lugar na preferência de audiência com os telefilmes e seriados, estão alguns programas de debate político como o excelente Ballarò.

Contudo, o nível geral ainda é baixo. A programação vespertina é detestável: programas de fofoca superficiais, debates sensacionalistas (ainda que mais articulados que os análogos brasileiros) e programas de jogos que se estendem até o início do horário nobre. A propósito: como os italianos gostam de jogos! Os telejornais, por sua vez, pingam sangue de tanta cronaca nera que relatam, e muitos debates degeneram numa discussão aos gritos em que todos falam ao mesmo tempo e ninguém se entende, bem ao estilo italiano de ser.

Um programa em especial se destaca, na minha opinião. É o Blob, transmitido "por volta das oito da noite" na RAI 3. Segundo a Wikipedia, foi ao ar pela primeira vez em 1989, criado pelos críticos de cinema Enrico Ghezzi e Marco Giusti. É um formato diferente, uma colagem de trechos de programas e comerciais de todos os canais montados de forma a passar uma mensagem geralmente crítica. Mas a mensagem nunca é explícita: trata-se de um programa inteligente, que mescla sátira sutil com reflexão. Vale a pena acompanhar.

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