quarta-feira, 23 de maio de 2007

Casino Royale: um James Bond humano

Segunda à noite, Daniela e eu assistimos Casino Royale, o mais recente filme do agente 007. Nunca fui muito fã de James Bond, mas desde que o filme estreiou, no início do ano, fiquei com vontade de assistí-lo. Os trailers na TV eram interessantes, mas o que mais me chamou a atenção foi uma resenha intrigante do Corriere della Sera. Em linhas gerais, a resenha pintava Casino Royale como um filme de James Bond diferente. Era bem o que eu queria.

O enredo é bom. (A partir daqui, prossiga com cuidado: pode haver spoilers!) James Bond, em sua primeira missão como 007 (ele ganha o duplo 0 nas primeiras cenas), descobre a pista de um banqueiro internacional de terroristas que ganha dinheiro apostando contra as ações de empresas prejudicadas por atentados. Um dos pontos altos da ação envolve um emocionante jogo de pôquer Texas hold'em no tal Casino Royale, mas há toda uma série de desenvolvimentos que ligam bem cada etapa do andamento da história, com ação, interação social, investigação e até mesmo uma razoável dose de bom humor.

Mas o melhor, a meu ver, é a "humanização" de James Bond. O filme apresenta um 007 falível, que toma decisões erradas, se engana e às vezes deixa seu ego inflado atrapalhar. Além disso, Bond apanha bastante, sangra e se apaixona. Nada de um agente perfeito e inatingível, cujas histórias cada vez mais apelavam para profusão de efeitos especiais, gadgets tecnológicos, escapadas milagrosas e cenários espetaculares. Mesmo a bondgirl não é mais apenas uma coadjuvante: Eva Green, deslumbrante no papel de Vesper Lynd, representa com qualidade uma personagem central à trama. O próprio ator escolhido para o papel do famoso agente secreto deixou transparecer essa "humanização" de Bond: Daniel Craig não se encaixa, segundo muitos fãs, na visão idealizada do 007. Talvez até seja verdade, mas eu acho que foi bom para marcar a quebra com uma tradição enferrujada. Craig respondeu às críticas com uma interpretação impecável.

É claro que o filme não escapa de todas as tradições. Ainda há perseguições de tirar o fôlego (embora não com carros, tanques de guerra, helicópteros ou seja lá o que tenham colocado nos últimos filmes) e cenários deslumbrantes (Veneza e o lago de Como, em especial; é muito legal reconhecer em filmes lugares em que estive há bem pouco tempo!). Afinal, o legado de James Bond é enorme. Assim, mesmo os fãs antigos devem ter gostado, principalmente de curiosidades como a oportunidade em que Bond ganha seu clássico Aston Martin 1964!

O resultado: Casino Royale é, segundo a Wikipedia, o mais lucrativo dos 21 já lançados da série 007.

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