quarta-feira, 16 de abril de 2008

Repercutindo Berlusconi

Tradução livre de um editorial publicado pelo The New York Times hoje, 16 de Abril, a respeito da vitória de Berlusconi.
O Retorno de Berlusconi

Silvio Berlusconi, o maior showman da política italiana, está de volta para seu terceiro mandato como primeiro-ministro. Sua vitória pouco tem a ver com suas escassas realizações durante as passagens prévias pelo poder. Em um momento em que a Itália se encontra envolvida em trevas econômicas e políticas, ele venceu com promessas de um caminho indolor para uma prosperidade renovada.

Com, de um lado, os restos da coalizão de centro-esquerda que deixava o poder oferecendo austeridade e sobriedade e, de outro lado, Berlusconi propondo diminuição de impostos e bons tempos, realmente não sobrou espaço para disputa. O bilionário dono de negócios de mídia e esportes também obteve grande auxílio de sua parceria inquietante com a Lega Nord, um partido populista violentamente contrário aos imigrantes.

O estilo de vida berrante e a forte personalidade de Berlusconi certamente não conseguiriam bons resultados do lado de cá do Atlântico. Ainda assim, alguns aspectos da campanha ecoaram a política americana de modo notável - e, em alguns casos, embaraçante. A Lega Nord produziu um vergonhoso pôster mostrando um indígena americano de aparência melancólica, completo com um cocar de penas, e as palavras de aviso: "Eles não souberam regular a imigração - agora eles vivem em reservas - pense a respeito." Walter Veltroni, ex-prefeito de Roma e principal oponente no campo da centro-esquerda, se saiu igualmente mal ao tentar emular o apelo de Barak Obama com o equivalente italiano de "Yes, we can."

A Itália tem problemas reais, cuja discussão foi evitada por todos os partidos. Entre eles, estão incluídos uma competitividade vacilante, déficits fiscais insustentáveis, serviços governamentais falidos (Nápoles está sufocada em lixo não recolhido), corrupção e uma burocracia que desperdiça incríveis quantidades do tempo e dinheiro de todos os envolvidos. Os italianos, via de regra, trabalham tanto quanto seus vizinhos mas, ao fim, recebem recompensas financeiras significantemente menores.

O que o país desesperadamente precisa é um ataque prolongado e intenso contra evasão fiscal, subsídios públicos não-justificados, excesso de regulação e uma cultura de corrupção política e de negócios profundamente enraizada. Talvez isso seja muito a se pedir para um homem cujos negócios privados repetidamente chamaram a atenção dos promotores públicos, porém sem qualquer condenação.

Os primeiros dois mandatos de Berlusconi foram deludentemente fracos em termos de reformas. A Itália precisa que ele faça mais desta vez.

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