terça-feira, 14 de agosto de 2007

Iniciando uma Segunda Vida

Finalmente, aconteceu: Daniela e eu entramos na Second Life.

Aqui nesse blog, já comentei muito sobre o mundo virtual da Linden Labs. Particularmente, me declarei surpreso e esperançoso com as possibilidades de revolução na maneira de viver a experiência da Internet trazidas por essa inovação, com reflexos na forma como produzimos e compartilhamos informação, organizamos a sociedade e, até mesmo, percebemos a realidade. Porém, apesar de muito teorizar sobre a Second Life, ainda não a tinha experimentado. Uma enxurrada de notícias e reportagens sobre o assunto, nos últimos dias, aguçou ainda mais minha curiosidade. O empurrão final foi da Daniela, no sábado passado.

E assim começou. Instalamos o software e criamos a conta dela. Os primeiros momentos são muito, mas muito complicados. A interface lembra a de jogos multiplayer. Há muitas opções, de modo que mesmo eu, que tenho certa experiência com jogos online, me atrapalhei. Tudo é configurável. O avatar, ou seja, a representação da pessoa no universo virtual, é uma figura humanóide azulada. Sobre ele, devemos aplicar formas corporais, pele, olhos, cabelos e vestimentas. Infinitas opções permitem alterar as escolhas: cor e tonalidade dos olhos e dos cabelos, textura da pele, quantidade de rugas, dimensões e proporções corporais são apenas algumas das escolhas possíveis. Quando se entra no quesito das vestimentas, então, a sensação é um misto de deslumbramento frente ao infinito!

Ao mesmo tempo, havia o desafio de aprender a se movimentar e comunicar nessa nova realidade. Ao movimento habitual, sobre duas pernas, é acrescido de duas opções arraigadas no desejo coletivo da humanidade: vôo e teleporte. Assim, a percepção espacial no mundo virtual passa a, necessariamente, considerar a terceira dimensão. E o sonho de construir um castelo nas nuvens vira realidade.

Depois de compreender um pouco como funciona, instalei também no meu computador e criei meu avatar e passamos a explorar o desconhecido. Logo me dei conta das duas grandes diferenças da Second Life com relação aos tradicionais jogos multiplayer online. Em primeiro lugar, o mundo de SL é totalmente criado pelos usuários. Qualquer um pode elaborar formas e aplicar cores e texturas de modo a produzir objetos variados como paredes, cenários, móveis, roupas ou, simplesmente, qualquer outra coisa. Aqui, de novo, as opções são infinitas, limitadas apenas pelo talento e paciência do interessado. E é justamente essa uma das maneiras de ganhar a vida na segunda vida: criar objetos que interessem aos outros. Cada objeto tem um proprietário, e as propriedades podem ser transferidas de graça ou através de pagamento em Lindens, a moeda virtual. Daí a lojas vendendo camisetas Nike, tênis Adidas, bolsas Gucci ou jeans Dolce & Gabbana é um passo. E opções para ganhar dinheiro também não faltam. Determinados lugares oferecem a prática do camping, em que se paga uma quantia de Lindens por hora para, simplesmente, deixar o avatar parado em alguma posição (enquanto escrevo, meu alter-ego de bits está sentado no estádio do Grêmio, na Porto Alegre virtual, ganhando alguns poucos Lindens).

A segunda diferença marcante entre a SL e os jogos multiplayer online é a ausência de história, enredo ou objetivo. Ao mesmo tempo, há poucas regras e limitações. O resultado, pelo menos para mim, é uma sensação inicial de que não há muito o que fazer em SL. Ledo engano. Estamos online há três dias e ainda não vi praticamente nada do mundo. Com relação à interface, relatei apenas as ferramentas com as quais já experimentei: configuração do avatar, gestão do inventório de objetos, movimentação e comunicação. Mas há muito mais: animações e gestos do avatar são completamente configuráveis, e também é possível programar scripts em objetos de modo a anima-los ou fazer com que respondam a ações dos avatares. E há milhares de outras pessoas lá dentro com quem interagir e milhares de lugares curiosos para conhecer.

Nos próximos dias, mais relatos sobre nossa experiência na SL e comentários sobre as notícias relacionadas que mais me chamaram a atenção recentemente.

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