quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Oito Dias em Praga

Levamos mais de duas semanas para organizar e publicar as fotos da viagem a Praga no fotolog. No início, eu tentei separar por data e adicionar legendas na maioria delas. Só tive paciência para os três primeiros dias. Apesar de absurdamente lento e tedioso, é muito legal esse processo, porque refazemos a viagem através das fotografias.

Foi assim que relembrei nossa epopéia do primeiro dia. Logo que chegamos e nos assentamos no hotel - aliás, um quarto na Casa do Estudante da Universidade local que, durante o verão, é alugado para turistas -, saímos a caça do hotel onde estariam nos esperando o Kappel e a Simone. Sabe como é, ainda que recém-chegados, achávamos que seria barbada se orientar por Praga. O fato de que os mapas que tínhamos não chegavam a mostrar a rua onde ficava o hotel deles quase não preocupava. Afinal, eu tinha "praticamente memorizado" o trajeto do Google Maps.

Quanta pretensão!

Caminhamos por uns 30 minutos até que começou a escurecer. E, para piorar, céu fechado, com relâmpagos e tudo. Estávamos chegando ao limite do mapinha. Cheguei a sugerir que voltassemos. Mas a vontade de rever os amigos era maior. Ou talvez nossa inconseqüência falou mais alto, sei lá. O fato é que constinuamos. E a sorte nos ajudou. Encontramos uma parada de tram e, do que deu pra decifrar do cartaz informativo em tcheco, decidimos que a linha 15 deveria passar pelo menos perto do hotel. Entramos no tram bem quando as primeiras gotas, gordas gotas, começaram a cair. Daniela ficou atenta ao nome da rua e, assim que viu a plaquinha, descemos. Não poderia ter sido melhor: exatamente em frente ao hotel! Foi uma noite muito agradável, uma janta excelente na melhor companhia possível. Eles nos contaram como tinha sido até então a excursão, e nós contamos como está sendo a vida na Itália. Ficamos juntos até próximo da meia-noite, matando a saudade. E ganhamos a promessa de uma visita em Novara, assim que possível. Promessa que eu pretendo cobrar, viu Kappel?

Na segunda-feira, segundo dia de viagem, exploramos alguns pontos turísticos bastante óbvios: de manhã atravessamos a histórica ponte Karluv e, de tarde, conhecemos a famosa Staromestské námestí (Praça da Cidade Velha), onde fica o relógio astronômico que encantou Daniela. Na terça-feira, com alguma chuva, refizemos o passeio pela Staromestské námestí e pela ponte Karluv, mas nosso objetivo era alcançar a Malá Strana (Cidade Pequena), em direção ao Castelo. Enlouquecemos com um sebo, apesar da grande maiora dos livros ser em tcheco. Aliás, Praga é uma cidade que possui muitos antiquários. A maioria negocia móveis e badulaques para a casa, mas alguns vendem arte e livros. Entramos no Castelo pela saída (!), visitamos um Museu de Brinquedos onde havia uma curiosa exposição histórica da Barbie (que nos rendeu dezenas de fotos, diga-se de passagem), a imponente catedral gótica de São Vito e acompanhamos a troca da guarda no portão do Castelo. De noite, ainda tentamos achar uma cervejaria (pivovar) com preços módicos perto da Staromestské, mas o único bar que encontramos estava fechando quando chegamos!

O pessoal do LOPP deveria chegar na quarta-feira. Por isso, programamos um passeio para a manhã e planejamos procura-los no final da tarde. Fomos ao monastério Strahov, próximo ao Castelo, sede de uma incrível biblioteca com mais de 200.000 volumes. A Sala Teológica, uma das duas salas principais (a outra é a Sala Filosófica), é conhecida por ter sido cenário de uma cena do filme A Liga Extraordinária. Enorme (32x22x14 metros), abriga mais de 42.000 volumes. A passagem que une as salas é uma espécie de protótipo de museu. Nela se pode ver os Armários de Curiosidades (Wunderkammer), repletos de animais empalhados, armas e armaduras, instrumentos científicos históricos, mapas e coleções de peças arqueológicas, insetos, minerais e vegetais. Em seguida, conhecemos as salas históricas do monastério propriamente dito, e visitamos também a galeria de arte no segundo andar. À tarde, a Istefani entrou em contato conosco no hotel, e fomos ao encontro delas. Ela, Márcia e Carla haviam acabado de chegar, e mal haviam se instalado no apartamento quando chegamos. Foi um reencontro muito legal, emocionante. Como mencionei em outro post, aguçou bastante nossa saudade do Brasil.

Na quinta-feira, nos desencontramos das meninas. Como não recebemos recado, fomos ao museu de Alfons Mucha. Outra excelente visita cultural, na qual ficamos conhecendo muito da vida do precursor da art nouveau. Passeamos longamente pela Cidade Velha, vimos a Prasná brána (Torre da Pólvora) e a Obecní Dum (Casa Municipal), passeamos no Josefov, o bairro judeu, e retornamos ao hotel a tempo de descobrir que a Istefi estava desesperadamente tentando entrar em contato consosco. Nos encontramos à noite, quando a Ângela já havia chegado, e jantamos num KFC.

Na sexta-feira, levamos elas ao Castelo. Desta vez, entramos pela entrada e visitamos os Jardins Reais. Assistimos à fanfarra das 12:00h no portão, nos demoramos bastante no interno do Castelo enquanto esperávamos o Flávio, visitamos novamente a Catedral e, desta vez, nos aventuramos também nos museus e nas diversas ruelas internas do complexo. Mas nada do Fogliatto. A noite foi divertida também, passeamos pelas lojas da Cidade Velha. Melhor dizendo, paramos em cada uma das centenas de lojinhas da Cidade Velha...

Sábado de manhã fomos ao hotel do Flávio. Só assim para encontrá-lo. O dia foi de compras e passeio pelo comércio, basicamente. Foi uma farra de compras que se concluiu muito prazeirosamente com uma janta em um restaurante típico frequentado basicamente por locais, em um bairro residencial de Praga - totalmente fora do alcance de turistas como nós. Muita comida, pivo escura e preços extremamente convidativos!

Domingo, o penúltimo dia, foi dedicado a um piquenique no parque do castelo Vyšehrad, recomendado tanto pelo Flávio quanto por uma gentil garçonete tcheca (aliás, tchecos gentis são, absolutamente, exceção!). Linda vista da cidade de um ângulo diferente, poucos turistas e um tempo excelente fizeram desse um dos melhores passeios da viagem. Márcia e Carla foram embora ainda no domingo, mas aproveitamos o dia até o finalzinho comprando livros, tomando pivo à margem do Vlatva e passeando pelas ruazinhas pitorescas de Praga. Nos reencontraríamos com Ângela e Istefi na segunda-feira, no aeroporto. Providencialmente, o vôo que elas pegariam no início da tarde estava overbooked e elas acabaram embarcando bem próximo do horário da nossa viagem de retorno. Na inestimável companhia delas, ajudamos a consumir parte da indenização paga pela companhia aérea pelo atraso com mais comida típica, pivo e doces deliciosos!

Em poucas palavras, uma viagem inesquecível a uma cidade mágica, repleta de história e cultura, em companhia de amigos maravilhosos aos quais só temos que agradecer a oportunidade!

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