quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A Crise de Prodi

Na tarde de hoje, o governo Prodi vai à prova na Câmara. Segundo as previsões da imprensa, o "sim" ao governo deve passar com alguma facilidade hoje: La Repubblica projeta 329 votos contra 287 da oposição. Nessa conta, já estão descontados da contagem pró-situação os 14 deputados da UDEUR, cujo apoio ao governo não é mais automático desde que Mastella deixou o Ministério da Justiça. Mais do que isso: Berlusconi anunciou que a UDEUR passou para a centro-direita, embora o partido oficialmente não o confirme. Neste caso, seriam 329 contra 301; ainda assim, uma razoável folga para Prodi e seus aliados.

Porém, amanhã vem o teste no Senado. Ali, as projeções são muito mais apertadas: 159 do governo contra 160 da oposição, 1 ausente e 1 indeciso. A decisão, nestas circunstâncias, fica à cargo de eventualidades, mudanças de última hora e ausências não previstas. Nestas contas, estão incluídos os senadores vitalícios. Uma vitória graças a esses senadores - teoricamente, não pertencentes a nenhum dos grupos antagônicos - indicaria uma maioria numérica, mas não política, e poderia desencadear um processo de transição controlada. Prodi, que inicialmente esperava conduzir o governo até o fim, poderia ter que preparar eleições antecipadas em 2009, ou ainda esse ano.

E o que acontece se o governo cair? Como é natural na Itália, não se sabe ao certo. A centro-direita pede eleições imediatas, o Partido Democrático e outros setores da esquerda acenam com a possibilidade de um "governo técnico" de transição. (Lembrando que, no sistema parlamentarista italiano, quem conseguir a maioria nas eleições parlamentares elege o Presidente del Consiglio dei Ministri). Embora isso seja assunto para depois das votações, o fato de que todos se movimentem ao redor da eventual queda do governo é mais um indício de que a crise, desta vez, é grave.

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