quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Il Senato boccia Prodi

Caiu o governo Prodi: 161 não, 156 sim, 3 ausentes. O voto de confiança foi negado. É o fim de uma legislação de quase dois anos dominada por uma maioria claudicante de centro-esquerda com sérias divergências internas. Uma maioria criticada principalmente pela necessidade de acolher os ditos "radicais" de esquerda, partidos de alguma forma ligados à tradição comunista.

Porém, quem teve participação realmente decisiva na queda de Prodi foi o pequeno partido de Mastella, a UDEUR. Um partido de centro, de base regional e convicções capengas, que sempre está do lado de quem vence e, portanto, está sempre presente no governo (Mastella foi Ministro do Trabalho de Berlusconi em 94/95). Uma espécie de PMDB italiano, guardadas as proporções.

Investigado pelo Ministério Público (com a esposa em prisão domiciliar) e atacado por todos os lados pela opinião pública, pela mídia e até por colegas Ministros e membros da coalizão de governo, Mastella chutou o balde: demitiu-se de sua posição como Minstro da Justiça e anunciou que seus 3 senadores deixavam a maioria. Foi o bastante para transformar o voto de fiducia desta quinta em uma missão impossível para Prodi. E assim o foi. A maioria numérica afundou, com direito a um punhado de ratos saltando fora na última hora.

Agora, o que fazer? Praticamente todos concordam que a lei eleitoral vigente é péssima, pois dá muito peso aos partidos-anões. Segundo as regras em vigor, uma nova maioria eventualmente eleita sofreria das mesmas dificuldades - ou impossibilidades - para governar que Prodi e sua coalizão de centro-esquerda enfrentaram. Por outro lado, todos também concordam que não há como levar adiante uma reforma eleitoral neste momento. Não há tempo hábil, não há clima político. Diz a Ministra Bindi na TV neste exato momento: i tempi non ci sono!

Para piorar, o país enfrenta graves crises. Uma crise política, gritada em praças por Grillo e seus neo-anarquistas e caracterizada por diversas investigações em curso do Ministério Público contra políticos e simpatizantes. Há também a crise da spazzatura, sobretudo na Campania - base eleitoral da UDEUR de Mastella.

Levar a eleição adiante com a lei atual é a bandeira dos radicais, tanto de direita quanto de esquerda. O centro-direita de Berlusconi, farejando uma vitória com base em uma série de pesquisas de opinião que lhe dão cerca de 5% de vantagem, apoia a idéia. Porém, sem muita convicção, afirmando que "não há outra solução à vista". O centro-direita, finalmente vitorioso na sua cruzada pela queda de Prodi, se apresenta razoavelmente coeso para enfrentar uma eventual eleição.

O fiel da balança será o Partido Democrático, o qual, no momento, representa a única real possibilidade de confronto com Berlusconi. Mas o mega-partido de centro-esquerda enfrenta oposição e descontentamento dos pequenos partidos de esquerda, incluídos aí os radicais e comunistas, que foram decisivos em 2006. Descontentamento que surgiu, appunto, a partir do momento que Veltroni, o líder do PD, iniciou conversas com Berlusconi sobre uma nova lei eleitoral centrada no bipartidarismo.

Resta saber como se resolverá esse imbroglio, mas eu sinto que vou votar por aqui em breve.

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