sexta-feira, 22 de junho de 2007

Il Signore del Falco: Teimosia ou Obstinação?

Finalmente, terminei de ler "Il Signore del Falco". Não sei se foi obstinação ou teimosia, mas o fato é que o livro é muito ruim. Nota-se que a autora, uma crítica de arte milanesa, dedicou-se à pesquisa sobre Milano medieval. Uma pesquisa louvável (aliás, o único louvor do livro) que ela transferiu para o papel através de descrições detalhadas (maçantes, geralmente) de lugares e personagens típicos da época.

O problema, a meu ver, é que não havia uma história, um enredo que ligasse essas descrições. Não havia conflitos a serem resolvidos nem profundidade nos personagens. O óbvio era óbvio mesmo, não havia reviravoltas ou suspense. O vilão, caricaturizado, era ridículo, capaz de estragar sozinho seus planos. O protagonista era um monge inglês com tendências a rebeldia que parecia não saber onde estava nem o que fazia. Totalmente sem sabor. Na verdade, nenhum personagem tinha um mínimo de carisma, nada com que o leitor pudesse se identificar.

E, para piorar, eu ainda achei o livro mal escrito. Personagens de oito e dez anos dialogam com adultos usando uma linguagem totalmente fora de contexto que, na verdade, apenas reproduz a mesma linguagem que a autora utiliza nas demais passagens descritivas (maçantes, reforço). Personagens agem e reagem de modo exagerado e irreal sem qualquer justificativa para tal (como, por exemplo, para eventualmente enfatizar irracionalidades de época como o fanatismo religioso, ou conflitos internos dos personagens, que inexistem). Por sorte, não conheço muito da história local para notar erros factuais na narração, mas dada a falta de qualidade do resto, não duvido que também estejam presentes.

Pois bem, não foi obstinação. Com tanta coisa boa para ler no mundo, ler "Il Signore del Falco" foi uma demonstração de teimosia burra da minha parte.

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