terça-feira, 19 de junho de 2007

O Curso de Italiano e os Estrangeiros na Itália

No último sábado, dia 16, Daniela e eu fomos na Universidade de Novara para receber nossos diplomas do curso de italiano para estrangeiros. Quem diria!! Foi uma cerimônia simples, mas muito aconchegante. Daniela tirou um 10 sobre 20 (equivalente a nota mais alta do nível Intermedio Medio), enquanto eu fiquei com 8 sobre 20 (a nota mais baixa do mesmo nível).

A comunidade de Sant'Egidio, através da Scuola Luis Massignon, está de parabéns pela iniciativa. Em 2006/2007, foram mais de 600 estrangeiros inscritos apenas em Novara, dos quais cerca de 225 fizeram o exame. Essa mistura de culturas, idiomas, visões de mundo e religiões em que fomos inseridos foi muito instrutiva, e nos fez reavaliar constantemente a situação dos imigrantes na Itália.

Entre os nossos colegas, muitos oriundos da Europa Ocidental (romenos, ucranianos e albaneses, sem dúvida os mais numerosos), da África (nigerianos e marroquinos, principalmente) e da América do Sul (predominância de brasileiros e peruanos). Eles vêm buscar a sorte na Itália porque, via de regra, a situação econômica e social dos países de origem é deprimente. Encontram, sim, o trabalho de que tanto precisam. A imensa maioria tem empregos simples, como muratores ou badantes, empregos esses que os italianos não desejam mais. Ou então, buscam trabalho na zona rural em torno da cidade, cuidando de animais ou trabalhando nas plantações de arroz.

Encontram também, porém, muito preconceito. Os italianos são, em geral, simpáticos e acolhedores com estrangeiros mas, ao mesmo, tempo muito conservadores. Por isso, é muito difundido o racismo e a intolerância, sobretudo quando à diferença cultural se soma uma significativa diferença econômica. Nota-se que a imprensa de destra, ou seja, aquela mais identificada com Berlusconi, faz questão de sublinhar sempre que possível a questão da imigração. Quando há um crime cometido por um extra-comunitário, a nacionalidade do envolvido fica clara já na manchete.

Nós, por enquanto, ainda não sentimos na pele qualquer tipo de preconceito relacionado com nossa nacionalidade. Possivelmente porque, como disse a Angela, prima do pai, voi non siete stranieri, ou seja, "vocês não são estrangeiros". Sim, eu tenho nacionalidade italiana. Além disso, Daniela tem traços nitidamente europeus, pele branca e cabelos loiros. Já nos comunicamos em italiano e temos uma relativa segurança econômica, sem precisar trabalhar (e "roubar" empregos deles) pra isso. Enfim, para os italianos, não somos estrangeiros... Com todas as implicações implícitas dessa categorização.

Nenhum comentário: