sábado, 9 de junho de 2007

Notícias da Europa

A notícia do dia hoje foi a visita de Bush a Roma. Todos os instantes do presidente americano foram fotografados e registrados pela imprensa. Nada de mais, na verdade: encontro formal com o presidente Napolitano, visita ao Papa no Vaticano, encontro com a Comunità di Sant'Egidio na Embaixada, almoço com Romano Prodi e, no fim da tarde, café com Berlusconi. A propósito: Bush se considera amigo pessoal tanto do Cavaliere quanto do Professore.

Enquanto isso, Roma "blindada". Duas manifestações anti-guerra, anti-USA & anti-Bush, não necessariamente nessa ordem. Segundo os manifestantes, 150 mil pessoas. Segundo a polícia, 12 mil. Fico com a estimativa da polícia, pelo menos de acordo com o que deu pra ver na TV. Curiosa a participação de membros do governo nas manifestações, nas quais sobraram até críticas para... o próprio governo. Não é só a esquerda brasileira que tem crise de identidade. Aqui, o tal governo de "centro-sinistra" sofre do mesmo problema de conciliar interesses, ideologias e inteções conflitantes ao longo de um largo espectro político que vai da esquerda radical, verdadeiramente comunista, passando por verdes e reformistas moderados de centro e terminando nos oportunistas de sempre, que mudam de ideologia sempre que muda o governo.

Muito mais interessante foi o encontro do G8, na Alemanha. A premier tedesca Angela Merkel foi hábil em negociar as exigências europeias quanto à redução de emissões de carbono com Bush. Não conseguiu nada de concreto, apenas referências vagas de planos para contenção de estragos até 2050, mas mostrou capacidade política que a coloca como uma verdadeira líder da Europa.

Putin, por sua vez, chegou como quem não quer nada, calado, discreto. Porém, surpreendeu ao amenizar as declarações contra o escudo anti-míssil que Bush quer levantar na Polônia e República Tcheca. E foi além: propôs aos EUA o uso de um sistema de radar em pleno Azerbaijão, nas portas do vilão Irã. Bush ficou de pensar. Faz muito mais sentido derrubar os eventuais mísseis no início da trajetória: as chances de interceptação são maiores, e a Europa não precisaria lidar com chuva de destroços nas suas casas. Mas pra Bush o fato da solução fazer sentido não significa muito...

E pra quem achava que Putin estava amolecendo, o ex-espião da KGB mostrou as garras logo em seguida: deixou bem claro que não aceitará a declaração de independência de Kosovo, e que usará o poder de veto da Rússia na ONU, se necessário. Os americanos já sinalizaram que podem reconhecer Kosovo independentemente do que a ONU decidir. Quem disse que diplomacia e política internacional são coisas simples?

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